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terça-feira, 17 de dezembro de 2013












Escondido no tempo
Sussurrando nos cantos
[Indizível]
Se aproxima
Cheira meu cabelo
E se vai
Aguardo paciente
Nós nos distraímos

[Brincamos]
Braços abertos
Voando baixo
[Acordo]
Onde está meu mundo?

Tenho que voltar
[Ela sabe]
A vida não foge
Não assim

Quando acabamos
Achando sentido
[Sorrindo]



terça-feira, 3 de dezembro de 2013

No hospício

Pago uma nota por vidro de oxigênio por dia
Aqui no futuro as coisas estão feias mesmo
Acredite, digo a vocês que o Criador cobra metade do que é seu
Enquanto o mundo em que vive te paga uma quantia qualquer
Há algumas possibilidades de ganhar a vida nesse território hostil
Mas olha só, você tem que ser bom em servir e baixar a cabeça
Não adianta querer respirar ar puro se não pode pagar o preço
Um segundo de distração, a força dele te projeta... E sabe-se lá onde vai parar
As coisas andam meio confusas agora
Mas quando der Eu retorno

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Mendigo está de volta


Você tá me dando atenção, mas não preciso desse tipo de atenção, do aperto de mão e sorriso corajoso. Eu quero comida, conforto e a tranquilidade de uma formiga que sai pra trabalhar porque é bom pra sua espécie. Não quero fama, o que ela traz de bom? Sim, gostaria de ser visível, pelo menos, pra que não tropeçassem em mim. Sabe o quanto isso é vergonhoso?!...

...Só que num mundo que valha a pena. Nesse não. Nesse quero que você suma com sua ignorância e ajeite essa carcaça, que tu chama de corpo, pra lá.
Se ele gira e você não percebe, não significa que é esperto e pode sobreviver nessa cegueira. Quer mostrar o quanto uma coisa vale, de que nada importante é, mais do que confortar tudo aquilo que quer ser. Provamos que somos idiotas comprando coisas e matando pessoas. Alguma coisa tá muito errada nisso aqui!

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Desmond:



- Crueldade? Mas como assim humano? Existem motivos e códigos muito lógicos a seguir. à seguir: Qual deles você gosta? Vou descobrir. Vou ser o pano de fundo da sua razão, acolher a doce amostra de solidão, uma dívida mal paga nos desejos ocultos rodando no estômago. Uma hora e ainda, sim, estou parado te olhando. Por que tão impaciente? Indo e vindo, voltando e 
andando passando alegria no toque da lâmina dessa demonstração abstrata de parecer convidar. 

terça-feira, 3 de setembro de 2013

Propagação


... Apenas pense uma vez
Em alguma delas
Qualquer direção pode servir...

A fome toca o solo de meu povo
E não é qualquer uma
Essa os mata por maldade
Isso nem ódio é, é pura oscilação daquilo que observa
Terra sendo adulada com corpos
Estes que apressamos em virar do avesso...
Recomeço, o vento foge com a velocidade da morte
Tempestade seca revolta acima de nós
Muito mais digna que nossa preservação

... As crianças estão presas no silêncio que gostamos de sentir?
Pano quente numa educação elitista
Somatória da suposta força de compreensão...

Admiramos onde vivemos?


quarta-feira, 28 de agosto de 2013

Aquário


É como estar delirando no seu vazio

O som do órgão crescendo pacientemente 
Uma nota só, transbordando outras latentes, imaginadas
Apenas para que possa contornar sua cabeça
Levando as ondas para dentro dela
Maré dormente, calmante, insistente...

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Desmond


- Deve ter sido eu expressando um sentimento em detrito da imagem impressa em mimeógrafo de alguém que criei, cuja imaginação é de outro mundo. 

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Estranho:

- ... Ainda dizendo que eu quem disse tudo isso, e na crendice da resposta que achou conveniente pra si, na qual evidentemente não veio de mim, talvez uma mais suportável; pois a paciência pra entender o ritmo de cada um se fez ilógico no vendaval de ideias que não consegue admirar, confusão, criar perguntas e respostas das quais não dependem do outro, somente aquilo te faz criativa, infelicidade. Tente tranquila e aproveite um tempo pra observar a natureza transmissível do mundo de impessoas. 

terça-feira, 13 de agosto de 2013

Mensagem na garrafa


Gostaria mesmo de às vezes poder contar o que sinto, para que o que acontece de vez em quando aí soprar o gosto desse sentimento poderoso em ti. Gostaria de passar o tempo contando com gestos o que acontece sempre aqui dentro, no entanto esse acontecimento levaria um apego para passar em mim. Gostaria ainda de um leve sorriso enfraquecido pelo doce afeto de um suave carinho da mão na face, o fechar e o abrir de seus olhos em vagarosos segundos relativos ao que sinto. Fosse uma calma quente e eterna, passageira e gélida, um redemoinho em nossos pés levantando nossa alma num romance agitado, ou uma rede preguiçosa ligada ao arco-íris. Gosto assim, de um jeitinho tranquilo oferecer toda força necessária pra uma vida. Um céu de sonhos e aventuras no limiar de razões e loucuras; agitando com meu navio o mar sussurrante à nossa volta, mostro mais uma vez, pacientemente, meu mapa dando por falta uma parte, indo embora na solidão das águas. 

terça-feira, 30 de julho de 2013

A galáxia proibida - O estranho


Fiquei tão sem jeito que meu olhar foi mesmo é ficar muito com nada na mente. Quando percebi que viajava na metade de tudo que existia nela, como uma supernova, guardei  no bolso do moleton azul acinzentado que peguei emprestado, só aqui. Pode parecer loucura, mas num instante ela me observava com a manga até quase nos cotovelos, pois a garota nunca havia pensado em tentar esquentar aquele, que agia similar à mim e realmente era eu, por completo. Ninguém poderia dizer um nome do que quer que seja naquele momento. Jardim florido do planeta anfitrião, céu cinza branco contrastando com a maçã rosada de um rosto próximo, frio, um pouquinho esfoliado que dava um charme infantilmente sensual. Ah, um frescor aliviado no quebra-vento que encontramos para nos tocarmos amigavelmente diz que estamos nos beijando...

O conforto de viajar, sempre, me diz algo do infinito, enquanto ninguém define o que está lá e o que quero... eu penso existir. 

sexta-feira, 26 de julho de 2013

A fugitiva


o jeito que vc se sente assim agora, assim me sinto o tempo todo, "todo agora", sinto que esse é o seu jeito de sentir o tempo e o tempo todo sente que é assim que agora estamos ajeitando como se sente, sentindo que estamos o tempo todo sem jeito...

terça-feira, 23 de julho de 2013

Tudo


Tudo que não acompanha ambição destrutiva
Tudo que seus olhos mostram é sincero
Tudo que sua mão toca é verdade
Tudo que pode acontecer
Tudo que aconselha vira pó de pirlimpimpim
Tudo qué lugar fantástico
Tudo que sonho acordado
Tudo que ilumina o campo
Tudo que está sorrindo
Tudo que se move com delicadeza
Tudo que atinge o ápice da felicidade
Tudo qué imaginação infantil
Tudo que o dia oferece de bom
Tudo que a pureza do amor toca
Tudo que encontramos no fim do arco-íris
Tudo que cai do céu
Tudo que uma canção é capaz de transmitir
Tudo qué paranoia romântica
Tudo que aprecio na vida
Tudo que dá-se um jeito

Tudo que começa onde a história acaba
Tudo que surpreende por gerações
Tudo que tranquiliza o peito
Tudo qué vício alucinante
Tudo que quer ser
Tudo que o balanço excita
Tudo que produz alegria
Tudo que prova existência
Tudo que viaja no universo
Tudo qué desejo realizado
Tudo que não cabe aqui
Tudo que atinge o ponto forte
Tudo que aprova a evolução
Tudo que protege o fraco
Tudo que sinto hoje
Tudo qué mágica
Tudo...

Até que posso sentir alguma coisa - O estranho


Sentir que o mundo é uma piada esperada de um palhaço robô de ficha com frases na memória. O papa tá no Brasil, só mais uma ficha dessa grande história patética que vivemos, ah me desculpe, que blasfêmia a minha, meu deus!, oh, vamos adorar o velho bonzinho enquanto as crianças maldosas na coexistente Somália estão causando asco só por aparecer na tv, ah sim, elas são nojentas e má nutridas, oh deus, livrai-me de toda essa sujeira e vamos reparar na roupa branquinha que o papa está usando. É muito lindo ele né gente?!

segunda-feira, 22 de julho de 2013

Ela parece com ela - O estranho



É o plasma do seu sangue, a cor, o brilho dele, alguma coisa, um cheiro, aquele lance parapsicológico das sensações de sonhos reais num mundo fictício que você pode morrer de verdade; no qual destrói meia parede com um soco, desse jeito que ela parece com ela. Bocejei, ideia mais besta essa. 

domingo, 21 de julho de 2013

O estranho - Complicado


Nem tudo aquilo que imaginamos significa envolver tudo o que poderia parecer, nem sempre aquela parte de fora quer ficar à mostra de tudo quando o significado de envolver pareceria tudo que pode acontecer. 

sábado, 20 de julho de 2013

Na real - O estranho


Você vai combinando tudo com a pessoa sem mesmo perceber que muito daquilo deu certo. Conversando numa naturalidade que sem antes nunca haveria pensado em assoviar durante o dia. A tranquilidade é essencial pra mim, humildemente. Muito bom tomar um café quentinho após acordar apreciando uma manhã de domingo, com aquela pessoa que nasceu pra fazer parte da sua vida. Mas na real, ela não está aqui.  

segunda-feira, 15 de julho de 2013

Quando estiver triste:


Aproveite pra descansar de alegrias vazias
Agradeça seus amigos por zoar sua agonia
Abrace os joelhos e jogue a cabeça pra trás (Olhe as estrelas)
Alcance coisas simples antes de tentar complicar
Melhore a respiração interior
Magnetize sua mente com boas vibrações
Multiplique gestos de caridade
Mostre-se disposto a ouvir
Entre em sintonia com a natureza
Esteja preparado para abraçar a felicidade
Exija de si o que sua energia é capaz de suportar
Encontre o que te faz tranquilo e deixa rolar...

quinta-feira, 11 de julho de 2013

O estranho - às vezes


Às vezes:


Você se faz tantas perguntas, quanto mais respostas mais perguntas e quanto mais pensamos mais dúvidas. Quanto mais dúvidas mais perguntas, mas você pergunta tanto que às vezes as perguntas não são pra responder nada, são só pra testar o quanto pode perguntar, e quanto mais pergunta mais perguntas surgem. Mas o que acho mesmo é que estou apaixonado. E essa paixão me pergunta tanto que mais uma vez as entrelinhas transformam-se em você, minha resposta. 

Até mais!



Distraído, sorrindo com seu sorriso na cabeça tento voltar a esquecê-lo por ter que aceitar a covardia do apelo lógico de saber que ele não é meu. Mas já te fiz sorrir e valeu a noite em que passei horas te olhando, talvez seja exagero ou talvez não saiba mais fingir não gostar como as pessoas fazem. Nem sei direito como foi aquele movimento todo, toda aquela gente lutando por um mundo melhor e eu, até arriscaria dizer nós, nós estávamos perdidos no meio deles, tentando também mudar o mundo, só que o nosso; a tinta no seu rosto refletia as luzes amarelas dos postes, pessoas saindo de tudo quanto é canto e não consigo lembrar muito bem, nada além de como é linda. Você é mágica, encantadora, bruxa e fada, sei lá! Perdi o senso lógico, a direção que você juntou depois sem saber e me devolveu num abraço sem jeito. Aí sim percebi novamente minha viagem. Seus olhos voavam nas asas da lembrança de um certo alguém. 
Todas as coisas mudam o tempo todo, os nomes não serão os mesmos, os beijos não terão o mesmo sabor, as bocas trocam fechaduras, os portais te mandam pra outra dimensão, as mãos amam encaixes de outras e segue o mesmo silêncio no peito... Até mais!

sexta-feira, 5 de julho de 2013

A sensação de um doce



Você vai guardando. Quando vê não liga. O telefone toca? Não atende. Passou-se cinco dias. Pra você? Uma eternidade, mas sem antes olhá-la, a embalagem, nunca o sentiria. Porque esta proteção, a da embalagem, mostra o quanto alguém precisa daquilo, de você, do chocolate. "Se está me olhando então saia da minha vida." Parece que te fala. Ah, mas o doce...hmmm, sim. O sabor não sai da sua cabeça. Imaginando toda aquela imitação barata de um turbilhão de esquecimento.
Mesmo assim, é chocolate. Passando na TV quatro jogos do seu time em que ele só perde, e você ainda tenta beber muito pra compensar a derrota. Resolve dar um tempo de tudo: comida que entope veia, cervejas por cinquenta centavos, porque são de furto. Abre um pouco, enfia o nariz na coisa. A embalagem se abriu magicamente - risos.

Não entende o porquê

Continuando a sensação desprendida de corpo, você põe a língua nela e chega ao doce. Por descuido, despreocupado, acabou se importando e tendo cuidado. 

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Duas vidas


A ausência em pessoa, um espírito vazio, uma página borrada, o escritor fracassado, o veneno fortificante, a resistência deitada, o amante verdadeiro, a noite sem movimento, o poder em uma nota, a palavra mal dita, o rebento estagnado, a ideologia embalada, uma figura travestida, um coreto no deserto, uma benção literária, um condimento vencido, a liberdade pensativa numa insonia eterna, o impedimento insuportável da compulsiva rotina de amar outra pessoa...amar, amar e amar. Mesmo que por convenção, ama-se a incapacidade de amar novamente, só pra amar a mesma pessoa repetidamente. Mas porquê? Mandam-me alimentar somente um amor. Dizer que meu coração está aprisionado por teu amor é loucura, é dizer que estou vivendo sem poder morrer. É morrer sabendo que poderei viver sem teu amor. E somente um me importa. Quando se é livre o amor surge da inevitável escolha de um sentimento, a esperança de amar e ser amado. Uma furada, o regresso de uma volta insensata no paraíso. Quando o encontro de uma boca foi pra sempre, já não podemos mais compartilhar a sutileza desses lábios. Enquanto aquele pedaço marca um toque pelos nossos corpos ardentes, jamais podemos nos partir em duas vidas. O amor vem com tudo e nos deixa o nada! Foi a tristeza de todas lembranças despedaçadas dos laços jurados em abraços mutantes. Amigos alienígenas esperando pacientemente o relâmpago do amor, mesmo que torture temos que sangrar, humanos sem controle. Sempre esperamos a redenção do amor. Outra vez calados, pacientemente a loucura toma a chance improvável e estamos queimando juntos. O caminho que sigo em ti leva uma vida pra acabar...

terça-feira, 2 de julho de 2013

Giti - a garota persa


mundo desequilibrado
universo mostrando onde devemos ir
tão complexo e indefinido este adeus
casa desabitada
móveis ocupando onde estamos
muitos deles não se movem
chego ao final do corredor
entrando no portal dimensional
conheço minha cura
Giti, a garota persa
olhares azeviche imprevisíveis,
calmos, percorriam o ambiente
num espaço aberto fora de sua tenda
céu coberto de estrelas refletiam o brilho dela
segurando por dois segundos pude beijar sua mão
não sabia, ela podia voar
não podia, ela sabia estar ali
junto a mim



A lua que soltou no meu céu está brilhando e sorrindo entre nuvens




sábado, 29 de junho de 2013

Sr. Boo e Luquinha – A vez


Sr. Boo, porque os velhos engasgam com nada?
- Engasgam com nada? Como assim “raspa”?
Raspa?
- É, “raspa do taxo”, esquece. O que quer dizer exatamente?
Tô dizendo que vejo os velhos engasgarem com nada de vez em quando. Tão assim (fazendo pose de que está tudo normal), aí do nada começam a tossir (segurando o pescoço, tossindo dramaticamente, ficando vermelho), e en...(recuperando o fôlego)...engasgam com o nada ué! (Empolgado) E ficam tossindo até ficarem roxos quase. Agora eu acho que sei por que a Martinha quer ser médica, pra cuidar desses velhos, ela que me contou.
- Você diz, a Marta dos Ferreira ou a que derrubou toddy na sua camisa, na escola, aquela vez?
A Marta Lisboa, que derrubou toddy, agora eles chamam ela de “Martinha Toddy”, alguns falam “Tinha Toddy” (rindo), mas eu chamo ela de Martinha mesmo.
Senhor Boo: - Hum... (Semicerrando os olhos), entendi.
Certo! Falei pra ela que vou ser algum tipo de inventor, um engenheiro molecular, pra fazer curas. Mas daí mudei de ideia, e falei que queria ser explorador de mundos.
- Ah é?! E o que um explorador de mundos faz?
Primeiro ele tem que descobrir um, um que goste e queira explorá-lo. Aí o que conseguir guardar, desse mundo, pode guardar com ele.
- Que legal! E como vai chegar nesses mundos?
Vou inventar uma nave que chegue neles ué.
- Então dá pra ser inventor e explorador ao mesmo tempo! Só que agora vai inventar naves ao invés de curas. Mas pode ser que encontre curas nos outros mundos. Seria legal, ã?!
Seria, de verdade!
- Você pode precisar de um médico na nave, caso fique doente ou encontre alguém precisando de ajuda. O que acha?
Luquinha: (Coçando o lado da cabeça, fazendo boca torta, pensativo) A Martinha quer ser médica. Só que ela é um pouco chata também, fica implicando comigo! Nem faço nada pra ela e ela fica brava, e depois emburrada. Sei lá, não dá pra entender.
- Hehe... A minha Martinha era a mesma coisa, a sua vó, implicava com tudo. Por isso que me casei com ela.
Ué, porquê? É muito chato isso, a gente não tem sossego!
- Exatamente, Lucas. Não queria sossego, sossego é pra velhos, e era novo na época. Com o tempo a implicância se torna divertida, e com mais tempo ela passa a ser amizade. Bom, isso aconteceu comigo, com vocês não sei. Só esperando pra saber.
Esperando o quê?
- Essa já é outra ocasião, agora você vai pra escola, bora!?
Vou ouvindo música! Daquela banda que você falou, Bitous!
(Sorrisos)


domingo, 23 de junho de 2013

Quase sem querer - O pássaro


Será sempre assim
O tempo vagaroso nas asas de um pássaro
Pulando vidas que não interessam
Nunca perto dos animais perigosos
Matando a preguiça correndo pelo ar do mundo

Disso não poderá fugir
Desviar das más intenções dos selvagens
Distanciar-se ao máximo de gaiolas

Precisa ser livre em sua fraqueza
Saber que não há grades nas tuas mãos

Para ficar feliz contigo
Proteja-o do tormento e chuva forte

Dê-lhe refúgio nos dias sem você
Das noites sem luar
Seja a aprendiz desse amigo
Mostrando como confiar novamente
Mantendo aberto o calor do teu peito

Assim sempre será teu
O canto nas manhãs de inverno
Voos fascinantes em seus olhos
Nunca te deixando para trás
Vivendo sorrisos parados em tua boca
Isso te lembrará um abrigo

Amando todos os sentidos
Aproximando-se do céu

Disso ele também gosta
Abraçá-la para te entender
Perceber sua aceleração 

Para ser convidado de novo
Sempre assim, será contigo...


















sexta-feira, 21 de junho de 2013

Balanço dos teus olhos



O que sugeriu naquela noite não pode ser esquecido assim, um balanço para dois numa praça que formava nosso sorriso tímido e decidido. O dela fugindo enquanto encontrava o meu, e o meu calmante fora o brilho daquela boca de menina confusa. Às vezes parando só para olhar no branco do seu terceiro olho. Porque tão linda? Alma minha que voa sem dono. A paixão já foi e voltou tantas vezes nesses olhares, sonhei com aquele laço vermelho no teu cabelo, transformando em jaqueta hiperespacial. E eu aqui, continuo me embriagando nas viagens que ainda não pude fazer acordado. Sela profunda esperando por ecos de luz, saída de lembranças futurísticas em um intervalo no ar, juntos, sempre de rostos colados e o balanço parado nos teus quadris. Os sussurros, risos apertados, combinavam com nosso passeio aéreo, voando pelos céus do amanhã enxergamos a alegria vista de cima. Talvez o erro em não tentar segurá-la comigo transmitirá o arrependimento de uma vida, mas não há nada agora que estrague a felicidade de estarmos balançados. 

O Sol



Ah, não ande de bicicleta pela rodovia. Há cicatrizes nesse sentido da história, sim, posso entender, algumas pedras me esfolaram bem ali. Mas, tão pouco, há cola nessas dores de prender o remendo na câmara furada. Não, essa não é, não pode ser, não se parece nem o mínimo contigo. Apesar de ter seu corpo, algo deve ter mudado. Alguma coisa nos seus olhos reconduz ao opaco, mas ontem estava radiante, foi esclarecedor. Não há disputa, o que cativei, despertei, dispensei sobre tua mão, é teu. Então, ninguém mais sabe disso, o mundo sente. E quando digo para não ir por aí por favor me escute, não quero me envenenar novamente. Sabemos desses detalhes, sobre esses lugares que podemos chegar sozinhos. Sim, rejeitamos tantas vezes o mesmo estado, essa sensação de ficar parado observando, enquanto tudo gira perto e longe, uma ponte congelada sem proteção para o deslise. Eu disse, volte para casa, aqui não há tempo para descanso, para parar e chorar e pedir carona. Não venha na contramão. Há exatamente o que esperei por muito tempo: tua mão desdobrando a palma para baixo, soltando meu beijo. Cuide dos reparos da bike enferrujada pelo sal das lágrimas que caíram na escuridão abaixo da ponte de gelo. Se ainda não entende espero que tenha sentido o fogo se aproximando do peito, enquanto segurava o coração, antes de construir um castelo de gelo e largar a vida que te dei, com vista para o pôr do Sol. 

quarta-feira, 19 de junho de 2013

Melancia - goma de mascar


Pressinto sua memória na boca
como um gosto inesquecível de lucidez
a derrota volta embriagada

ar novamente? tóxico, tóxico!
lembro ter acordado nos teus olhos
segurando algumas lágrimas cansadas
para que cortasse meus pulsos

um dia nublado de cada vez
apenas para violar seus impulsos
correndo, lutando diariamente
uma tatuagem escrita dentro da pele
me fez segurar o pendulo do passado
às vezes me perco, me perco dentro de ti
não sei mais o que sentir
se sou eu, ou se estás a mentir
qualquer descaso por timidez
estupidez do dia sem verdade
toda imagem que temos juntos
mostra uma alma doce pra mim

e assim estamos bem...



Correndo feito louco


Enquanto perde estrelas maldosas como cobra num mato
Coração de andorinha bate mudanças de nossos próprios sonhos
Chance gasta contorcendo nossos braços de ferro
Passa-se a maltratar outras indiferenças com capitais de margem
Isto é tudo!
A corrida estelar transmissível em contato com a pele
Quebre um andar por vez e verá onde...
Velocidade cumprindo desvio coloidal?
O tique-taque pensativo numa alforja
Escute mais uma vez, imagine a possibilidade de cura!
Pode parecer paranoia, mas é só gás carbônico.

segunda-feira, 17 de junho de 2013

O estranho:


A certeza em tudo que escolhe, todo momento, mesmo que em cada coisa que deseje, seja uma variante ou a própria clareza, sempre estará certa. Enquanto sua indecisão provoca um acolhimento, toda consentimento, diversos desejos cada coisa, única, uma reluzente permanente, ou o ser mutável, nunca enganará a certeza.    

Mendigo Cazuza ouvindo System



Quer continuar a sentar nesse lugar desconfortável, um imóvel comprado pela terceira vez, mas vivendo apenas uma vida nele? Continuar a repulsar os seres humanos deste único e mísero planeta? Não conhece algo chamado universo? E o paralelo? Uma coisa trocada pela outra no rio de nossas almas, o labirinto que corre por derrotas abre-se pelo ar cristalino que bate depois de agitarmos vazios, todo ele jogado em dimensões aéreas, como disperso num buraco, esse tal aí, não dá a mínima pra vocês. Estão morrendo aos montes, paralelismo tradicional baixando o som durante a noite para descansar...
No carrocel de emoções invertebradas, geometrias ciclovariáveis? Uma vez fui ao noticiário doutrinar comportamentos. Toda aquela história de "vamos ver do que é capaz", sempre foi intimidação, uma separação de manha e poeta. Estou entre os 80 milhões que nunca voltou, ou ainda, nunca votou. Só elegi. Pode parecer romance, apenas duplasensualidade. Uma vida separatista, uma misditudo, toda ela, não quero, sei que tenho e sou tido com a maior franqueza, isso que quero. É a clareza que transpira no seu dom fresco, um  barato partido, que quer mudar o mundo, frequenta agora uma união jamais vista por essa ideologia partidária. Pra quê saber quem tu és? Pois aquela sensação prazerosa já disse: ser uma jaula ou uma saída?! Tantos tédios anti-monotonias, um alcance em cheiro, boca, cura e alegria. Somos videntes, porém, preferimos o que faz parte, confundindo um filho com outra vida que parece acolhedora.

Com toda certeza, família, sempre!

domingo, 16 de junho de 2013

O interesse:

Social é impressão digital educacional de marginal , vendido pelo convencional, treinado pela estação comercial, aos domingos ela é sensacional, nas feiras do diamante toda proeza é um sinal!

sábado, 15 de junho de 2013

Desmond:

Eles não tem capacidade para desvincular minha infração de raciocínio perante o maquinário ideológico de seus atos. Logo, estarei confrontando seus ideais e marginalizando seu sangue.

Desmond:


Sabia que sua posição de se oferecer em algum sentido, por qualquer não situação possível, é a capacidade que tenho de mostrar o quanto errado percebo o mundo a minha volta? E quando começa a ter um padrão diferente de qualquer um todos ficam, ou ficam diferentes, a sua volta? 

A indecisa:

Cansada de se mostrar direta, encasquetada por permanecer quieta. Tomando para si o que não é dela e se perdendo em pensamentos dele.

Terrorista:

Meu terrorismo é individualista, na mente, para perturbar por anos...
Sem risos, sem mágoas, sem direção, para todos os lados, em quem se importar em sentir dor. Ah, todos sentem dor, eu sei.
Mas o "talvez" possa ser encaixado em diversas situações, por exemplo, posso sugerir o que penso, pensando no que pensa, que te agradará ou te completará nesse momento, talvez nem complete, só desperte o que está por vir, é um gancho que propõe, não um nó...

O complexo:

Vou te botar num estado técnico tão abrangente. Um, em que sua amarra livre sinta-se superiormente inteligente, uma volta diligente por sua mente conivente. Pois sei que adora se expressar assim.

O principiante:

O que é o princípio se não um estado findo da propriedade? O que é a propriedade se não a finalidade de principiar um estado? O que é o estado se não o ser próprio do princípio final?

O estrangeiro intergalático:

Percebo que estar por dentro da realidade atrai humanos realistas, o que é óbvio, é claro, mas também no sentido de que enxergam e seguem as leis impostas por suas limitações. E me agrado percebendo que os que sentem por dentro, uma realidade melhor, sonham, atrai os possíveis viajantes que quero levar para meu planeta, incluindo a si mesmo.

O iconoclasta:

Demoro duas horas para me vestir. Quando decido, na hora de escovar os dentes percebo que escolhi mal, me troco em cinco minutos e quando chego ao encontro, estou tão perfeito quanto as outras pessoas que demoraram horas para se vestir. - não é sobre aparência, talvez sobre algo guardado no bolso esquerdo da camisa.

Implicantes:

Só para distrair a mente perturbada, jogada brilhante desperdiçada com palavras inusitadas, provocação, carta marcada.
Se inverter qualquer parte acima verá que faz sentido?

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Desmond - Parada


Não posso esperar
Enquanto me pede tempo
Esquecendo, ou tentando
Aquilo que guardou

Não há solução
Os passos dados marcam
Entenda-me no inverno
Espero o que não posso:
Lembrá-la aqui

Quem pedirá para tocar?
Sua mão novamente
Está brincando nas pernas
Batendo em descompasso
Agitando minha memória
Por muito tempo
Enquanto se perde
Tentando o esquecimento
Saiba, não posso esperar
Tanto assim, devagar
Nas luas que virão
Quando perceberá o mundo
Que me fez inspirar?
Estava caindo
Mas te segurei
Onde sempre esteve











quarta-feira, 12 de junho de 2013

O dia


Ah, eles disseram: estão aí! Para propagar essa infectologia. A cada pulo, pulo mais alto ainda, no lixo. Pelos afetos poderosos de um tiro, acordando para o disparo na testa. Somente um estrondo! Pegam pesado, com artilharia, tanques de guerra, bateria de setecentos mil volts. Acho que alguém me atingiu! Deve ser programado, os desgraçados estão se espalhando. Devo ter ouvido uma dor, sentido uma chama, acredito muito no barulho ensurdecedor da paralisia. Acorde! Doente, durante muito tempo em batidas insanas, vou testemunhar o cheque afivelado por dias, até que caia na conta. Desprezo, checo ideias fortificadas pelo sistema. No último dia do ano todos devem presenciar minha mente em estação contínua, um grito desperdiçado na mesa do DJ, algumas vozes de respeito, terroristas no meio de sussurros nacionais. Elas querem algo que não existe, um fingimento para disfarçar a casa pintada de branco, numa ocasião que supostamente diríamos o quanto os cantos pontiagudos que nos machucam são confortáveis. Isso sim é dia, uma proposta valente de um dia inglês. Espero os acordes apressados, cheios, emperrados, impregnados de situações... Contradições, esquece isso, agora comigo aqui, não existe mais, vagalumes cegos. Olha no cobertor que te oferece paisagens, siga o teu lugar num piano, diz quem vem e vai além, vai notar a estrela de um nó contíguo, na aproximação contínua de uma nota no fim da canção, que não acaba nunca...

terça-feira, 11 de junho de 2013

O Sorveteiro


Há milhões e milhões de anos atrás o Inventor Maligno percebeu, com sua mais ousada astúcia, que pessoas adoravam o Sorveteiro Generoso, pois distribuía sorvetes gratuitamente para todos. Sendo assim, calculou estrategicamente e furiosamente uma maneira de ser adorado também. Mas ele sabia, ah sim, como sabia, que o Sorveteiro era apenas uma afirmação do real desejo das crianças, em serem melhores e generosas como ele. No entanto, o que infantilmente, e logicamente, não desconfiavam era que o Inventor pudesse se passar por Sorveteiro. Durante anos e muito mais tempo, inimagináveis armadilhas e peças foram moldando a razão de viver daquelas humildes e doces pessoinhas. Ah, era uma receita mais maravilhosa que a outra. Bom, Ele, para evocar seu truque de inventor maligno mais cruel, o Inventor Maligno seduziu e induziu as vozes de homens respeitáveis do povo, fazendo com que anotassem inúmeras receitas de sorvetes deliciosos para que recitassem à eles todos os dias, que mais para frente passou a ser recitado em um só dia da semana, contudo, os sorvetes eram consumidos várias e várias vezes por dia. Porém, infiltradamente, imperceptivelmente, ao longo de um pouco menos tempo agora, essas receitas acabaram prejudicando o convívio tão tranquilo daquela gente. Neste exato momento foi concluído e assinado o Livro de Ouro (do Sorveteiro), com a participação de incontáveis, ou melhor, contáveis mestres sorveteiros, só que eles diziam que o Livro de Ouro foi ditado pelo próprio Sorveteiro Generoso. O que passou fácil pela aceitação das famílias, é claro! O Sorveteiro alertava a cada receita que o Inventor poderia roubar suas façanhas, e com isso estragar todo o sabor adquirido perante eras de experiências dolorosas e, desvendar o melhor e mais rico achado da humanidade, o Amor, sim, o amor por suas criações tão magníficas. 
Foi assim que o Inventor Maligno conduziu-os para a dúvida, a discórdia e adoração às receitas do Livro de Ouro. O Sorveteiro Generoso cada vez menos vive nos corações das crianças. Hoje em dia eles se confundem, as crianças, o Sorveteiro, o Inventor, o Livro, tudo isso passou há milhões de anos atrás, não dá para saber muito o que se passou exatamente, não é criançada?!

domingo, 9 de junho de 2013

M de Complicação


Garota fria no sofá
Ela sabe como acalmar o interior
Oh, poderia dizer para me afastar
Mas cada palavra dela está morta
E a cada dia minhas certezas viram lei
Sabem porquê? Não consigo olhar em seus olhos
Não posso tocá-la sem sinceridade
Apenas chute o amanhã para a sobrevivência
Ei, garota! Deixe de complicar um pouco nossa vida
Sabia que está muito distante?!
Tudo bem, dois copinhos e um barbante
Resolve?
[risos]
O lance é que enxergo pouco a realidade de vocês
Permito-me sentir os milênios que virão do passado
Quando estamos maravilhosos
Toda gente procura o amor sem dizeres
Os anos passando como uma música do Floyd
Ah, quando começo a beber simplesmente desando
Não que isso seja um problema relacionável
É que o mundo continua a escutar o inaceitável
Os fantasmas do Senhor Irracional manda na verdade
Agora rezarei para as dúvidas virem de encontro
Pois os crentes estão tão certos que não cabem no dia de ontem
Os rios não se cruzam com o mar nesta canção
Nesta mesma canção...
Escute o vento, como um solo de guitarra do Sambora
Uma nuvem iluminada pelos raios de Sol
Luz entrando pela janela
Clareando seu corpo pálido
Imóvel...







sexta-feira, 7 de junho de 2013

Mendigo cansado


Nunca comece com uma palavra o que ainda está acontecendo dentro de suas inspirações reflexivas, entre vaidade e sofisticação de ideias, o mundo na mão de um sorriso grato, está feito, somos apenas um entardecer triste por toda grama úmida. Não faz sentido algum, bem sei, é assim que a morte parece se divertir. Mas agora é sério, relaxe, os dias passam rápidos demais quando se olha para trás e percebe o quanto está caro o aluguel do mundo. Estão cobrando por sua vida, tudo, tudo mesmo: seu tempo, esforço, inteligência, distração, alegria, sábados, conhecimento, sonhos...
O que me cansa é a falta de luta por algo que mudará orbitalmente e em escalas multidimensionais tudo que existe... Tudo precisa de financiamento, não há lógica alguma nesse mundo de gênios idiotas, tão inteligentemente imbecis que param para analisar equações aterrorizantemente complexas e não resolvem a negligência racional da óptica evolucionária. Por que diabos atrasam viagens e estações espaciais por conta da burrocracia? Há recursos e técnicas suficientes para isso.  Apenas isso, é isso, isso que desanima, todos vocês estão como no dia em que disseram que o planeta é plano, e aceitaram numa boa, sem questionar nem o porquê da coisa, simplesmente o cômodo sempre esteve à disposição dos que afirmam possuí-lo. E hoje ditam que o mundo pertence a eles, aos criadores das cordas invisíveis, aos indutores do consumo... Estou rodando faz tempo e meu estômago não está muito legal, não por isso, vou dormir um pouco ali no banco. 

sexta-feira, 17 de maio de 2013

O estranho - Pílulas



Às vezes me sinto inútil, não por ser incapaz de viver neste mundo. Mas, por pensar que o mundo é incapaz de viver como minha mente sugere, melhor, como a lógica de autopreservação e conduta racional esclarece. Talvez ela esteja há alguns anos à frente, até pode ser há alguns milhares; e também pode estar no mesmo lugar, porém, em uma dimensão paralela. Porque não tomamos um chá com ela qualquer dia desses? Um café? Uma cerveja? Um uísque? Uma água? Uma dose de realidade universal, raramente conhecida por bom senso.  Na maioria do tempo sinto que a maioria de vocês são inúteis. Não por serem incapazes de viver neste mundo. Mas, por pensar que o mundo é incapaz de viver como suas atitudes sugerem, melhor, como a irracionalidade da autodestruição e a mente consumista estabelece. Talvez ela esteja alguns anos perdida, até alguns milhares; e também pode estar no mesmo lugar, porém, em estado mórbido. Porque não comemos um pedaço dele qualquer dia desses? Só para saber que gosto tem. Quem pode imaginar? Amargo? Salgado? Ferrugem? Tanto faz, desde que comamos o suficiente para nos intoxicar e morrer para a realidade induzida, raramente conhecida como... Como mesmo? Loucura ou sanidade?

Sem nave. 

Garotinha fantasma


Bem-vindo ao meu espetáculo. O palco, um pântano; a cortina, de fumaça. O show começa quando sinto que posso aproveitar de seu desespero, roubar sua maior riqueza. Vamos, entre no charco, está quente e confortável, acredite. Isto mesmo! Simulação do paraíso profundo que nos mantem unidos. Voz suave, frequente confusão, discórdia, conflito interno, planejando o abraço lamacento. Doçura inconfundível do lodo amortecendo seus medos. Transgredindo gentilmente as raízes de seu inconsciente. Te desperto em minha casa no bosque abandonado. Preparei a cama e cuidei de ti a noite inteira. Eles sempre querem saber o que desejo, nunca minto, digo que os quero bem perto, dentro de mim. A mãe natureza se revolta em saber que disfarço tão bem sua essência para conquistar meu público, hóspedes carinhosos. Detesto esta repressão e a enfrento, jogando os corpos que desprezo em sua terra para ironiza-la. Agrido-me propositadamente, me orgulhando de cada marca podre em mim, simplesmente porque a abomino e sei que a machuca. Odeio sua imposição, magnetismo amoroso que impossibilita minha liberdade. Por isso dreno a invenção inquietante de uma mente intensamente perturbada, vivendo de todos os imbecis que levantam para me aplaudir.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Leve um pouco



Se é para ser segredo, nem mesmo eu poderia saber quando esquecer o que disse, que seja transformado em emoção no próximo suspiro. Se for para ser guardado, ainda que por um breve instante, que valha de reflexão para um minuto de abrigo quando tudo estiver perdido. Se estiver duplamente enganado, ao menos compreenda que nem sempre seu jeito é o certo para o outro, que em algum momento da desculpa, inventada para si mesmo, possa contemplar a luz da bondade. Se a verdade sair de fininho, esta insegurança de viver plenamente a felicidade reservada a ti, que possivelmente estará jogando fora, tente pensar o suficiente antes de defender um território momentâneo ao invés de perder a trilha que gostaria de seguir. Se o objetivo for o esconderijo, mesmo aquele imundo e podre, preste muita atenção na companhia oferecida pela escuridão. Se a tempestade estiver alagando suas atitudes, enfrente a agonia com o que a coragem é capaz, então aprenda sobre o tempo e veja bem quem eu sou. Se falhar em desejar simplicidade à vida, entenda que hoje, mais uma vez, a tristeza lhe fará companhia, que as ambições não acabem na complexidade de suas mentiras. Se não se der atenção, um mundo inabitável em que se encontra, que leve um pouco de mim por falta de razão.

O sol que você plantou no meu quintal está dando frutos.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Olhos grandes - Um pouco de tudo que nunca aconteceu como sonhamos



Não fez nada para que permanecesse alerta. Ela apenas sentiu a arrogância de um debochado sem sal algum. Tão pouco de contato sincero, desperdiçado por um personagem que o outro preferiu vestir. Hoje ele sente muito pela máquina do tempo apedrejada, num impulso desesperançoso de percepção da humanidade. Mas sabe que você jamais deveria ter sido testada, que você não é deste planeta também, uma marciana. Tarde demais. 
Os olhos dela tão grandes, como a vontade dele de consertar as atitudes que o levaram a acabar com o futuro ao seu lado, nem que fosse só por estar ali em algumas datas comuns, já seria o suficiente. Ela ainda está perdida. Apoiada por seus familiares inseparáveis.  É acolhedor vê-la tão firme no desprendimento dos longos anos que a atormentam agora. Felicidade vital na qual transborda sua força de menina sonhadora. Oh! Quanta tristeza em não poder ouvir sua voz tímida, olhar de perto sua face avermelhada pela brisa da madrugada; ver seus passos apressados atrás de sua gata fujona. 
Há um ciclo irracional nos acontecimentos de suas vidas. Algo tão profundo que o exagerado tornou-se simples quando ele pensou em tocar sua mão. Ela ficou imóvel, como uma caixinha branca sentada na calçada. 

Duas



Ah, sim. Está desmoronando. Sua percepção proeminente quanto ao que fui há uma hora não chegará a me tocar, nem daqui há duas vidas. Este é o amor que procura, metade revela um espelho enquanto seu meio sorriso te leva sozinha ao poder; movendo-se em linhas ocultas nos dogmas de sua seita. Esta é a desculpa para sua dor, mãos fechadas limitando a verdadeira frequência de emoções duradouras. Uma ligação mental com o mentor de seus passos. A segurança de ser controlada em direção à solidão, futilmente enriquecedora, é o que precisa: imediatismo cômodo, leitura secundária do prazer. Parte de ti estilhaçando-se sobre meus olhos, cegando, sangue irônico este que me faz sentir lástimas frias afundando, derretendo em mim. Gosto aguado, do que fora intenso, perdendo-se arrasadoramente e incontrolavelmente na boca da noite. Buscando somente a palma agradável de tuas carícias sinceras. Mas não, vocês são duas: amarras confusas, perdidas numa falha sensorial de um mundo mentiroso. 

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Mendigo e o povo



Cara, esse é o povo que está no cabresto do sistema: Te viu tomando cerveja, é alcoólatra. Te viu socando um bandido, é violento. Te viu xingando o outro, é estúpido. Te viu dando uns amassos na esquina, é promíscuo. Te viu correndo, é atleta. Te viu ajudando a carregar sacola, é educado. Te viu com um violão na rua, é vagabundo. Te viu na fila do banco, é trabalhador. Te viu doente, é fraco. Te viu com o príncipe, é importante. Te viu na TV, é famoso. Te viu vivendo, alguma coisa você tem que ter. Te viu morrendo, eles estão aos saltos de alegria. Ninguém quer ir lá e conversar com você, ver quem é realmente. Saber da sua vida, se tem dificuldade ou se pode te ajudar. O negócio deles é meter o pau em todo mundo, falar o que não sabe como se fosse o apresentador de merda de um telejornal mais inútil ainda. "Ah, ele ganha quinhentos mil por mês, é de família e ajuda os necessitados." Tudo isso é imagem, amigo. Estão sendo enganados na cara dura e ainda ficam presos vendo programas que ditam a realidade. Um cachorro mata a dona de casa, é como se todos os cachorros do país fossem matar a qualquer momento. Então vamos sacrificá-los. Isto é de Deus? Matar é de Deus?!
Policiais ou bandidos armados, são a mesma coisa, estão em posse de um artifício com um único propósito, tirar a vida. E, podemos impor a força do medo com uma arma. O poder dos ignorantes é construir algo destrutivo para limitar os capazes; é fazer leis para as coisas que não conseguem comprar com o dinheiro; é acorrentar os que pensam em preservar a natureza num poste de Ongs e Organizações ditadas pelo capitalismo; o que dá na mesma que dizer que sou do bem, mas desmato um ou dez milhões de campos de futebol por dia. O povo vê que você não amarrou seu cadarço, meu velho, ao invés de te avisar para não tropeçar, esperam só para ver a desgraça. O pior, acham a maior graça, sendo que o estropiado é um deles. Ta bom, vou ser claro. O povo ri de si mesmo, da própria incapacidade o tempo todo, e acha que o palhaço é o outro. Sabe porquê? Por que a mídia induz colocar a culpa, de todo o mal que existe, em seres perigosíssimos, só não revela que são tão humanos quanto estes também. Não, eles sempre são os deuses da honestidade e da compaixão. Ah, me dá um tempo jovem...
O medo grita e a coragem pensa em soluções.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Casa popular


O lugar de descanso
Trabalhando duro nos desejos ocultos
Uma alma resgatando os passos do messias
Drenando o sangue do povo
Charme sociopático
Encantando com poder misterioso
Uma arma disparando vícios aleatórios
Abraço supersônico das promessas indutivas
Homem miserável
Inventando famílias mecânicas
Um mercenário encorajando auto-sacrifício
Corrosão irreversível do princípio vital
Desumanizado
Envenenando a conduta complacente
Um amigo do noticiário popular
Agraciado pela cegueira social

Sente, levante e repita minhas palavras...



quarta-feira, 24 de abril de 2013

O estranho hábito de guardar segredos


Ela acorda, atordoada ainda, sonolenta, mas ouvindo. Olhos distorcidos, um pensamento de luz na cela cega. Usando bancos de areia para acomodar sua agonia ácida na crença do vencedor. O que acontece com o dinheiro batendo dentro da alma? Procurando por ali e por lá, só o comodismo descansando no tráfego aéreo ilusório do contentamento. Silêncio agitado. Berros crescendo nos sussurros impertinentes da impaciência. Em outros olhos, estará longe para sempre. Tomando água, amarga, de um banho qualquer, numa pousada que não presta socorro. Desatentos, desatenção, talvez não. Volúvel, volume, intensidade, densidade depressiva, caindo na lábia suave do labirinto. Selando o beijo, desencontro surpreendente para ele. Onde estarão as dobradiças quebradas? Vozes fechadas nas paredes do quarto. Sedada pelo rum que a faz perder os sentidos do mundo lá fora. Velhos tempos estes em que nos encontrávamos de repente no alto da montanha. Venha novamente para cá, estou num estado de glória conformada. Num espaço sentido pela sorte da mudança, chegue o mais perto possível. Afinal, o mistério das pedras formam o caminho que procurávamos. Tente o melhor que puder, sem pressa, alivie o máximo de carga desprezível do seu corpo. Encontrei sua mão na escuridão total. Apenas confie na energia da estrela negra.

terça-feira, 23 de abril de 2013

Ela, a vida, Ele, o tempo



Não paro. Se parasse, você continuaria. Já que continua, por que parar?!
Não corro. Se corresse, você ligaria. Já que liga, por que correr?!

Não volto. Se voltasse, você fugiria. Já que foge, por que voltar?!
Esqueço. Se não esquecesse, você não lembraria. Já que não lembro, por que não esquecer?!
Admiro. Se não admirasse, você não saberia. Já que não sabe, por que não admirar?!
Admito. Se não admitisse, você não sorriria. Já que não sorri, por que não admitir?!
Não confundo. Se confundisse, você entenderia. Já que entende, por que confundir?!
Não explico. Se explicasse, você pensaria. Já que pensa, por que explicar?!
Não abraço. Se abraçasse, você sufocaria. Já que sufoca, por que abraçar?!
Improviso. Se não improvisasse, você não cansaria. Já que não cansa, por que não improvisar?!
Sinto. Se não sentisse, você não mudaria. Já que não muda, por que não sentir?!
Espero. Se não esperasse, você não chegaria. Já que não chega, por que não esperar?!
Paro, você não continua. Corro, você não liga. Volto, você não foge. Não esqueço, você lembra. Não admiro, você sabe. Não admito, você sorri. Confundo, você não entende. Explico, você não pensa. Abraço, você não sufoca. Não improviso, você cansa. Não sinto, você muda. Não espero, você chega. 



domingo, 21 de abril de 2013

Sucessão Mágica do Consumismo


Oh, salva vidas! Salva riquezas derretidas, incompletas, parasitas. O mar acorda no peito arrogante dos projéteis intermitentes, são mansos, silenciosos, preparados para te roubar os olhos ou vendar, vender, sua alma no submundo, estruturado debaixo do tapete vermelho. Há muito tempo atrás fizemos nosso melhor, planejando acabar com a máquina trituradora de ossos, tentando vingar a mercadoria sanguínea, oferecida em troca de ar, de papel, pelo lado oculto da vida. Alvos seguiram as vozes do abate, interpondo-se no caminho dos observadores, entregando seu escudo no baque da explosão. Os vendedores negociaram os restos como relíquias de guerra, os valentes jazidos foram exportados em grande imagem empresarial, para que pudessem ser saboreados pela ávida curiosidade insana do povo. Ah, dormir! Calmante dor, ferro quente sendo dobrado por martelos, dia e noite sem parar. Percussividade mexendo corpos no salão universal do controle mental. Não deixe, não pegue, aceite, reverte, venda, venda, venda! Agora compre dez vezes mais do que o necessário, custando dez mil vezes menos para eles e cem mil vezes mais para você. O que sobrou? Bumbo, bumbo, bumbo, caixa, água oca, caixa, bumbo, eternidade. Não acorde nunca, os coletes à prova de ilusões negras estão ficando ótimos! Combinam com sua cara de trouxa exposta nas vitrines subterrâneas. Sim, morte! Morrendo pelas alianças moldadas, completando ciclos viciosos de consumo, corredores! O céu tange na libido acelerada dos trocadores tecnológicos, imersos, incontroláveis, inescrupulosos, visando o futuro esplendoroso da humanidade torpe. Caindo vagarosamente, o solfejo: “Uhhhhhhhhh”. Estamos perdidos nesta terra faminta por lógica, precisão, razão... Ninguém sabe. 

sábado, 20 de abril de 2013

Distraída na triste imensidão


Distraída na triste imensidão...
Deve haver um mundo fora dos seus olhos
Algo além, esperando para te curar
Sempre calada, descartando alegrias vãs

Inventando viagens, quero te expor no espaço
Acompanhar a luz dos bilhões de anos daquela estrela
Trazendo o sorriso que procura

Dispersa nos gestos da solidão...
Há uma lágrima em sua mão
De alguém, tentando transformá-la em recordação
Parada, lamentando antigas discussões

Improvisando ideias, trarei o alívio dos sonhos
Visitando um planeta por dia
Voltando a sentir o sopro da vida














quarta-feira, 17 de abril de 2013

Não sou um de vocês



Enquanto caem esfomeados e doentes, passeio no meu Mercedes-Benz Classe M acenando ao povo, celebrando o milagre indiferente. Nada menos que todo o luxo que a ostentação apresenta. Sou tratado como o mais humilde dentre os que sofrem no mundo. Idolatrado, discordando com um preceito básico do que vos rogo a crer com tanto amor.  Sou a mecha do prelúdio de gritos agonizantes, sulfurado na chama que exala a imensa simpatia que transmito; convertida admiração, devoção em desígnios impossíveis e totalmente prováveis com a fé monitorada pelos servos da desgraça. Enquanto rolam na dor e desamparo, discurso sobre a bondade infinita, sorrindo para as câmeras, propagando o selo do pacto magnificente que conduz à ilusão. Nada menos que o combinado possa valer. Sou anunciado como o mais salubre dos seres. Exaltado, impugnando o direito das palavras exemplares que vos digo com tanto prazer. Sou a flecha incendiária em gestos marcantes, sufocando a dona de casa que não percebe de onde vem a fumaça; divertida alucinação, adoração em escalas subversivas e completamente tragáveis com mel, deliberada pelos súditos da doce enganação.
Tentam levantar e se firmarem, me retiro nas nuvens de seus desejos primordiais. E faço com que me puxe para conquistar o que nunca vos darei, além de falsas histórias de quem um dia alcançou seu sonho. As coleiras apertadas em suas mentes, enquanto as rédeas do poder estão em minhas mãos.

Mendigo da praça – Artista




Cara, quando um artista se expressa, ele pode estar transfigurando um monte de ideias numa só, ou uma em várias. Pode estar transmitindo empaticamente, moldando assuntos com suas perspectivas, viajando mesmo, saca?! Isto nada mais é que sua visão do mundo naquele instante, pois, logo passou e ele tá tendo um novo insight. A mente é uma máquina, não para; o corpo hidráulico, todo pistão e combustão. Meu, o negócio pode parecer que é com você, mas o cara tá externando, enxertando, sua sagacidade. Ninguém sabe ao certo do que realmente se trata, cada um sente a arte de um jeito diferente; conseguimos toma-la como uma dose de entretenimento, mas a verdade é que é muito mais que isso. Sua essência mexe com o coração, ferve ali dentro e expulsa o negativismo do peito, pura libertação! Já tive algumas experiências com pessoas que a engoliram diretamente, pensando que foi para elas que proporcionei determinada situação, só que não. Aí a relação fica estranha, o medo toma conta do envolvimento que se pode ter e o que não se quer ter, fica misturando um lance em outro, desanda tudo. Vai por mim, não tem que ser assim. Poderia perfeitamente ter seguido um fluxo natural, sem barreiras mentais, para ver aonde realmente iriamos chegar. Elas deveriam ter um senso de que o artista raramente revela seu íntimo, por qualquer motivo, entende?! Mas, ao mesmo tempo o que tá dentro dele flui. O objetivo é despertar uma razão, um sentimento passageiro, uma epifania, um sorriso... Com a consciência de que esta é a magia que a arte proporciona, não com a presunção de que tudo não passa de indiretas. Algumas coisas até convence e muitas confundem. A interpretação, a emoção, é individual, se liga?!

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Como se fosse nada

http://www.vagalume.com.br/stereophonics/it-means-nothing-traducao


Vivia longe, logo ali no caos, em meio as desgraças que me deixou de recordação Depois partiu sem deixar sinal, apenas um livro com algumas anotações. Queimei todas as páginas, uma por dia depois de lê-las. No fundo, gostaria de descansar um pouco mais, antes de partir para a noite fútil que brilha lá fora, com luzes artificiais, nos dentes superficiais à mostra, nos olhos sepulcrais. Lembro-me que com cinquenta e três irei estourar meus próprios miolos, bem que este dia poderia ser hoje, mas minha palavra sempre é de honra, então não será desta vez. Meio ano que não sorrio com força, somente com a educação que me resta, e com a esperança que deixou. Parece um enjoo na boca do estomago que nunca acaba, uma tontura que esvazia a vontade de uma mente perdida, a súplica de um doente no corredor de um hospital superlotado. O corpo em chamas, em chamas! Não há distância ou isolação calmante, tudo entra em conflito e faz cair a pressão. Realmente, não vale a pena, não se sinta mal por isto. Compartilhamos a mesma vergonha. Durará até encontrar a cura para a saudade.

Luquinha e Sr. Boo - Valores


- Como está sua mãe, Luquinha? - Tá bem, mas ainda num gosta que eu venha aqui. - Os jovens são muito teimosos, rapazinho, e dizem que somos nós, os velhos, sabe?! Um dia ela vai entender que fiz o que achei melhor para todos. Não sou o dono da verdade também, é claro, apenas já senti coisas e tive perdas muito dolorosas na vida para aceitar a rebeldia infantil dela. Bem, vamos esquecer isso por hora, sim?! - Tá bom, senhor Boo. Isso é muito chato mesmo. Sabia que quem roubou o Paulão era mulher? A polícia prendeu ela e tem que investigar. Então, quer dizer que ela não é machista nada? O senhor disse sobre o mundo machista, lembra?! Aí peguei e li sobre o feminismo também, e vi que as mulheres conseguiram o direito de votar, como o senhor falou; e vi que as mulheres conquistaram espaço em tudo que o homem faz, quero dizer, conseguiu trabalhar e fazer um monte de outras coisas também, e ser mais respeitada. - Estou orgulhoso de você, Luquinha. – o velho abriu um sorriso calmante. – Esta suposta criminosa, se for realmente ela quem roubou o Paulão, esta mulher é uma vítima do sistema machista. Deixa tentar explicar melhor. Vamos supor que foi ela mesma quem assaltou a borracharia, tudo bem?! Os espaços que o feminismo tenta ocupar, a meu ver, são tão ignorantes quanto os que o machismo ocupa. Veja bem, Lucas. Um exemplo é a presidente do nosso país, ela é tão machista como qualquer outro já foi. Não vamos tirar o mérito do movimento feminista, que foi muito importante para a evolução humana, mas deveria ter tomado outro rumo. Deveriam perceber que o exemplo caótico do machismo não era bem o exemplo de sociedade que queriam, mas elas seguiram por um caminho de igualdade de postos, foi nisto que erraram, em minha opinião. - Não tô entendendo nada direito. – o menino coçou a cabeça insistentemente. – Você tá falando que a mulher roubou porque o homem rouba também? - Mais ou menos isso. – senhor Boo continuou – De modo geral, hoje em dia, o machismo e o feminismo são dois lados da mesma moeda, embora muitos que me ouçam falando isso venham discordar. O machismo tem muitos pontos, a opressão de valores é um deles, se a mulher que roubou o Paulão o oprimiu, me responda rapaz: o valor da moeda não é o mesmo? - Tá complicando tudo, velhote. – Luquinha brincou – Tá, deixa eu tentar pensar então. Ah, mas o senhor tá falando no geral né?! Porque minha mãe trabalha e não rouba ninguém. Acho que entendi assim: ao invés da mulher ter colocado a sua cara em outra moeda, ela colocou na mesma moeda do homem, é isso? - Ora, ora! Que brilhante conclusão! – o velho serviu suco de maracujá – Você é muito inteligente mesmo! No geral, você entendeu bem.  - Não disse que sou inteligente! – o garoto passou a palma da mão repetidas vezes, de cima para baixo, no peito estufado. - Bom domingo, Luquinha! – Tchau, senhor Boo! – limpando a boca com as costas da mão, entregou o copo e partiu com seu grande fone de ouvido. Tell me that you'll open your eyes

quinta-feira, 11 de abril de 2013

A fugitiva


Peço que retribuam da mesma forma, assim julgo descartável toda esta atenção voltada a mim, disposta por minha consciência. Busco o reverso de um olhar, e gestos podem demonstrar educação. Estas situações fortalecem o que não quero no outro. No entanto, reflito simpaticamente para não ser rude. Mas se eu mesma ajo de maneira inversa do que me agradaria, por que espero que o oposto aconteça, ao invés de simplesmente me permitir? A resposta é a verdade que desperta afeição, mas teimo em complicar tudo querendo saber o contrário, minando meu desejo. Sou atraída pela ironia da viagem, pelo caminho percorrido na contramão. Almejo longevidade e confiança. Meus testes são infalíveis, derrotam qualquer empatia. Não me apego na tranquilidade do descanso oferecido por um possível amigo. Corro, corro e entro no Trem Bala. Tenho que escapar logo desta teia que lançaram sobre mim.

O observador -  O sentimento é querer estar e não encontrar segurança em nenhum lugar.

quarta-feira, 10 de abril de 2013

Precipício inverso



Apavorou-se, perdeu o rumo, desequilibrou, anuviou as ideias, se precipitou. Disse mais do que devia, apareceu, saiu à luz, mostrou muito do que sentia e correu para abraçar um corpo que caia, despencou. Declarou-se, submeteu a dor à alegria, impulsionou o nada contra parede, desmontou. Juntou o quanto conseguia, tanto pôde que cansou, limitou-se, recostou e ressentiu. Soube bastante do que não podia, pendurou-se, balançou e se lançou, tão longe, o máximo que viria. Viajou, perturbou-se, afastou um tanto por dia. Acalmou-se, refletiu, observou a nuvem distante e entendeu o que o prendia. Absolveu, cresceu, banhou-se em lágrimas altivas, deitado na base de sua rebeldia. Tranquilizou-se, caminhou no fluxo sábio dos acontecimentos temporais, aprendeu. Recusou-se, abordou a volta, instilou amores condicionais nos quais se permitiram. Livrou-se, adiantou sem seguir, foi para todos os lugares sem sair dali, aproximou. Conquistou-se, consentiu, contemplou o voo do espírito, alegrou. Foi-se, encontrou coragem, guardou a paz nos sorrisos amigos, descansou. Começou novamente e de novo, até não mais se encontrar no vazio.

terça-feira, 9 de abril de 2013

Insular



O navegador está quebrado, sem conserto e alagado. O próximo passo esperando entre a terra e o sal da água. Sem palavras, justo na precisão de algo reconfortante, ficou exausto na tentativa invisível de revelar-se amante. Então resolveu se enforcar, mas lá não havia árvore que sustentasse o peso mórbido de sua falência emocional. Pensou em se afogar, infelizmente era um peixe. Tentou se enterrar, não tinha forças para cavar. Jogou-se das nuvens, foi capaz de voar. Ateou fogo em si, tornou-se um sol. Fez jejum por sete vidas, miou de fome e não morreu. Logo, planejou um ataque terrorista à seu coração, amou o próximo. Transformou-se em sapo na aula de dissecação, foi beijado e se revelou príncipe. Entrou na contramão da via expressa, ficou estendido por quilômetros como piche até cansar. Subiu na torre elétrica sem proteção, iluminou o céu feito relâmpago e caiu por terra inteiramente bem. Foi ao inferno desafiar o diabo, tornaram-se grandes amigos. Reivindicou seu fim a deus, não houve resposta. Contou piadas racistas para negros na prisão, ficou rico e famoso. Desafiou assassinos, virou chefão da máfia. Enganou bancários e agiotas, elegeram-no presidente. Apareceu no fogo cruzado da terceira guerra mundial, ganhou o nobel da paz.     Matou inocentes em Estado com pena de morte, prestou serviço comunitário. Mergulhou na turbina de um avião, pelos ares milhares de bolinhas de sabão. Dormiu para sempre, acabou acordando no infinito. Ofereceu carona em sua imensidão, viveram felizes para sempre. 

Areias - O estranho


Quando se encontra uma mão fechada no deserto nada fica mais interessante do que o segredo que ela carrega, com suas emoções congeladas. Acabe com  pensamentos sobre o outro lado da íris, são brilhos sedutores miseráveis. Transporte cada grão para dentro da alma e vá embora ao anoitecer, beijando o frio solitário e intenso que chega a queimar toda esperança da manhã seguinte. Não consegue pregar os olhos em nenhum momento, o absurdo te põe em condição deplorável. Ame mais de uma vez e somente um poderá libertar o outro da angustia, eu sei que posso, chore quantas vezes suportar antes de se jogar na areia. As horas insanas e lúdicas em sua cabeça transmite todo um entusiamo apaixonante, por aquela sensação que já não deseja mais, mas a quer sem motivos nem causa, por ter sido comovida, por ter acreditado em suas promessas amorosas. Sem esta sensação pode estar perdida atrás de olhos que não são seus, porém, pode ser que encontre vida novamente. E com tanta obsessão, está cada vez mais perto da depravação dissecando seus sentimentos.  Pretendo te oferecer qualquer caminho que se sinta bem. Só o horizonte salva quem chega neste lugar calmo, preparado especialmente para corações bons. O mistério está no emocional protetor e não nas mãos que seguram e abandonam. Desprenda-se do sofrimento enquanto há tempo. Ele está muito feliz em te ter como amiga, assim como não tem a mínima ideia de quem o acompanha. Pois, para ele, você não representa mais que um grão diante de tanta areia que largou por aí, mesmo conhecendo todo seu amor. Enquanto para mim, isto tudo não faz o menor sentido estar acontecendo com quem já chegou além da superação.