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sexta-feira, 17 de maio de 2013

Garotinha fantasma


Bem-vindo ao meu espetáculo. O palco, um pântano; a cortina, de fumaça. O show começa quando sinto que posso aproveitar de seu desespero, roubar sua maior riqueza. Vamos, entre no charco, está quente e confortável, acredite. Isto mesmo! Simulação do paraíso profundo que nos mantem unidos. Voz suave, frequente confusão, discórdia, conflito interno, planejando o abraço lamacento. Doçura inconfundível do lodo amortecendo seus medos. Transgredindo gentilmente as raízes de seu inconsciente. Te desperto em minha casa no bosque abandonado. Preparei a cama e cuidei de ti a noite inteira. Eles sempre querem saber o que desejo, nunca minto, digo que os quero bem perto, dentro de mim. A mãe natureza se revolta em saber que disfarço tão bem sua essência para conquistar meu público, hóspedes carinhosos. Detesto esta repressão e a enfrento, jogando os corpos que desprezo em sua terra para ironiza-la. Agrido-me propositadamente, me orgulhando de cada marca podre em mim, simplesmente porque a abomino e sei que a machuca. Odeio sua imposição, magnetismo amoroso que impossibilita minha liberdade. Por isso dreno a invenção inquietante de uma mente intensamente perturbada, vivendo de todos os imbecis que levantam para me aplaudir.

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