Bem-vindo ao meu espetáculo. O palco, um pântano; a cortina, de fumaça.
O show começa quando sinto que posso aproveitar de seu desespero, roubar sua
maior riqueza. Vamos, entre no charco, está quente e confortável, acredite.
Isto mesmo! Simulação do paraíso profundo que nos mantem unidos. Voz suave,
frequente confusão, discórdia, conflito interno, planejando o abraço lamacento.
Doçura inconfundível do lodo amortecendo seus medos. Transgredindo gentilmente
as raízes de seu inconsciente. Te desperto em minha casa no bosque abandonado. Preparei
a cama e cuidei de ti a noite inteira. Eles sempre querem saber o que desejo,
nunca minto, digo que os quero bem perto, dentro de mim. A mãe natureza se
revolta em saber que disfarço tão bem sua essência para conquistar meu público,
hóspedes carinhosos. Detesto esta repressão e a enfrento, jogando os corpos que
desprezo em sua terra para ironiza-la. Agrido-me propositadamente, me
orgulhando de cada marca podre em mim, simplesmente porque a abomino e sei que
a machuca. Odeio sua imposição, magnetismo amoroso que impossibilita minha
liberdade. Por isso dreno a invenção inquietante de uma mente intensamente
perturbada, vivendo de todos os imbecis que levantam para me aplaudir.
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