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sábado, 19 de janeiro de 2013

Serpente de ouro


Apenas uma semente prepotente. Somente um pesar abafado pela euforia vazia do mundo, prendendo-se ao poder do sofrimento. Esperançosos. Enquanto se sentem deuses outros suplicam que seja verdade, e choram sangue. Lavam-se os rostos marcados pela miséria com a praga da herança divina que um dia comprou a humanidade com promessas. E ainda nos tempos que virão, nos quais você não pode presumir por falta de fé, eles ainda estão esfolando seus sonhos e alimentando suas crianças com doces venenos de uma cela intocável; não menos prisioneiros. A busca torna-se um ciclo, tocando a mente como sinos tubulares incessantes. Causando a explicada insegurança de não poder se mexer, respirando com dificuldade. Vértice. Então a ideia do querer e poder, da ação e reação, do bem e mal, real e ficção...  Mescla-se com sua incessante luta para sobreviver. Quanto mais disso tudo você pode suportar? Quanto se espera de um todo? 

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Visão



Apressados aos detalhes, correm.
Conversas mudas num barulho de vozes, gestos.
Focados, em segundos, apreciam.
Gentil condução do corpo, passagem.
Pensativos para além, sonham.
Vultos embaralham-se, momento.
Estranhos, voltam ao movimento, pesados.
Mesmos ciclos de vida, escravos.
Caminham em busca do brilho, solitários.
Ventos, nuvens chumbo, tempestade. 
Correm dos detalhes, apressados.
Gestos e vozes mudam no barulho, trovão.
Procuram os cantos, abrigam-se.
Calmante escuridão do mundo, risadas.
Acompanham histórias de vida, empáticos.
Margem do imperceptível, escondido. 
Cansados fecham-se lentamente, entregam-se.
Cantos da alvorada ensolarada, preguiçoso.
Despertam e continuam, sorriem.
Semelhantes e simpáticos, encontro. 

quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

Passagem aérea


Creio que todos somos jogos. Temos que transpor. Subjugar, divertir. Outros tem que anotar password, talvez até gravar na mente. Eles podem sacar a regra do nosso sistema. Cultivar a energia e evoluir conosco. Podem perder para nossos instrumentos, iludir-se com o suposto graveto, que liga o pensamento bondoso e revela uma armadilha; também podemos pensar que ele é ouro. O gingado do desejo propõe a dissimulação da carência. Sabemos que o blues eleva tudo isso. Sentimos a voz marcante: o novo rock dos anos 70. Espingarda de sal grosso que bifurca a costela no espaço entre um pé e outro. E ele diz: "Ooh, minha cabeça, sacode, sacode..."

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Piano e Cello

Se fosse humano poderia chorar. Vejo florestas e águas cristalinas comprando dedos para a criança cega poder apertar o gatilho.  Uma intenção no meio de toda essa imensidão de céus e coragem. Um propósito escolhido, uma dádiva reprimida que só nós podemos enxergar. O navio parte agora, ninguém pode nadar tão rápido assim. O martelo choca a proa, e o mastro soa no solo aguado da margem: um opaco eco surdo bate com força. Nuvens lentamente olham todo o sangue derramado na lama que se alastra vermelho-castanho-escuro com os passos ofensivos dos atacantes. E a defensiva fúria dos ocupantes escorre no charco, atropelada ousadamente, imbecilmente pela conquista de terras. A canção das espadas, machados e escudos, toma a luz do sol-acinzentado entre freixos escavados no contraste do gigantesco branco algodão. Silêncio, o céu vestido com o azul dos olhos de uma princesa. Se fossem humanos poderia me emocionar.