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domingo, 28 de outubro de 2012

Canto



Eles me chamam, na medida que percebo quanto os quero. Pessoas conversam num entendimento só delas. Homens, mulheres, e crianças de todas as idades e nenhuma certeza. A água calmante corre, o rio faz o fundo parecer seu universo. A luz encantada do Sol toca as pequenas folhas marrom-douradas, caídas por todo lado. O espaço entre os gestos torna-se perceptível à eternidade. Pássaros cantam entusiasmados, compondo os passos daquele homem sem rosto que caminha para seu destino. 

Eles são profundos, escuros e admiravelmente sedutores. Um deles leu minha carta. Mas porque agora?! Já estou crescido e não preciso mais de provas. Um deles desiste do chamado. Mas porque vai embora? Já está cansado e não precisa mais de mim. Vejo nos opostos um brilho, um trilho e escorrego. O vento mudo que mexe a paisagem a minha volta não me conforta, abre uma porta e me arrasta para o buraco úmido e triste. Mãos me cercam, pegam e sufocam no ar vermelho da morte. O sono me prega pelos calcanhares e movimenta minha alma pelo céu violento sobre o mar de sangue. Meus olhos estão secos e são o espelho da angústia experimentada pelo amor. Ossos quebram em minha cabeça sem parar. O gosto da bílis na boca é a única fonte para saciar minha sede. O chão move abaixo de meus pés, seguem não sabendo. A loucura de cores vivas rabiscando o céu, e a cacofonia de lamurias incólumes estão soltas pelo ar. O cansaço de correr para sempre em círculos faz do meu ponto uma queda de costas num espiral infinito. 
Ouço risos infantis abafados de brincadeiras com batidas de corpos n'água. Estranheza correndo em minhas veias, batida disforme no peito, saltos lépidos em direção ao desconhecido. Ah, sim! Eu consigo voar! Eu consigo. A chuva começa a cair... Não quero dormir, não quero...

sábado, 20 de outubro de 2012

O pálido sol vermelho




Minha mão treme. Sinuosamente as gotas de suor deslisam pela costeleta, chegando ao pescoço e mais. O lampejo no olhar define a observação: um nocaute numa luta à cegas. Um golpe de sorte, potencialmente e exaustivamente treinado. Os olhos do público sempre serão artesãos da multidão, varias mãos construindo um mundo baseado na dissimulação do que o estado de espírito propõe. Não consigo cantar para uma única pessoa mais! Onde estará meu mordomo? Eu não tenho direitos? (Risos irônicos) Confusão do eufórico com o melancólico, do leal com o caótico. Uma única vida num olhar, num espalhar de dedos reunidos como união para a vida toda. Um sonho! Um archote que foi aceso por necessidade. Sinceramente, minha pulsação me emocionou como se tivesse doze anos. E minha intuição conquistou seu coração, como se estivéssemos num só ritmo. Lugar assim jamais encontraremos. No entanto, quem garante que gostaríamos de um conforto socorrista como esse?! O mar está adiante, sob uma nuvem retorcida de desgosto e um azul pálido do céu que você não vê. A mentira é o azul. Esconde-se na neblina que criamos para subjugar o que queremos sentir. A dor responde, com a voz esganiçada de quem está sendo enforcada no momento. Isso porque gostamos de sofrer. Acreditamos que precisamos desse ar, desses ventos que enchem as velas de ilusão. Mas por favor, me diga que não é para a vida toda. Sim, pode me dizer em linguagem de sinais. Ah, como eu costumava aprofundar meu olhar nos seus movimentos e te contar como cada um deles formava uma palavra, uma emoção, uma verdade que sonhamos. Essas loucuras estarão sempre aqui! Oh, isso é demais para mim! Agora, só posso contemplar a natureza. Esperar o dia nascer, que o sol vermelho irá me iluminar... 

Olhos baços


Só quero a ansiedade para me acalmar
Sons vindos de qualquer canto frio
Um bom lar para chamar de lugar

Novamente com a cabeça no gelado do rio

Tento entender com a afobação de uma criança
Gestos feitos, palavras aceitas e o alimento que necessito, esperança...
Vida, anos perdidos. Voz, frequência esquecida.
Ouvidos, acomodados e distorcidos...

Por onde será que meus olhos andam?