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sexta-feira, 17 de maio de 2013

O estranho - Pílulas



Às vezes me sinto inútil, não por ser incapaz de viver neste mundo. Mas, por pensar que o mundo é incapaz de viver como minha mente sugere, melhor, como a lógica de autopreservação e conduta racional esclarece. Talvez ela esteja há alguns anos à frente, até pode ser há alguns milhares; e também pode estar no mesmo lugar, porém, em uma dimensão paralela. Porque não tomamos um chá com ela qualquer dia desses? Um café? Uma cerveja? Um uísque? Uma água? Uma dose de realidade universal, raramente conhecida por bom senso.  Na maioria do tempo sinto que a maioria de vocês são inúteis. Não por serem incapazes de viver neste mundo. Mas, por pensar que o mundo é incapaz de viver como suas atitudes sugerem, melhor, como a irracionalidade da autodestruição e a mente consumista estabelece. Talvez ela esteja alguns anos perdida, até alguns milhares; e também pode estar no mesmo lugar, porém, em estado mórbido. Porque não comemos um pedaço dele qualquer dia desses? Só para saber que gosto tem. Quem pode imaginar? Amargo? Salgado? Ferrugem? Tanto faz, desde que comamos o suficiente para nos intoxicar e morrer para a realidade induzida, raramente conhecida como... Como mesmo? Loucura ou sanidade?

Sem nave. 

Garotinha fantasma


Bem-vindo ao meu espetáculo. O palco, um pântano; a cortina, de fumaça. O show começa quando sinto que posso aproveitar de seu desespero, roubar sua maior riqueza. Vamos, entre no charco, está quente e confortável, acredite. Isto mesmo! Simulação do paraíso profundo que nos mantem unidos. Voz suave, frequente confusão, discórdia, conflito interno, planejando o abraço lamacento. Doçura inconfundível do lodo amortecendo seus medos. Transgredindo gentilmente as raízes de seu inconsciente. Te desperto em minha casa no bosque abandonado. Preparei a cama e cuidei de ti a noite inteira. Eles sempre querem saber o que desejo, nunca minto, digo que os quero bem perto, dentro de mim. A mãe natureza se revolta em saber que disfarço tão bem sua essência para conquistar meu público, hóspedes carinhosos. Detesto esta repressão e a enfrento, jogando os corpos que desprezo em sua terra para ironiza-la. Agrido-me propositadamente, me orgulhando de cada marca podre em mim, simplesmente porque a abomino e sei que a machuca. Odeio sua imposição, magnetismo amoroso que impossibilita minha liberdade. Por isso dreno a invenção inquietante de uma mente intensamente perturbada, vivendo de todos os imbecis que levantam para me aplaudir.

terça-feira, 14 de maio de 2013

Leve um pouco



Se é para ser segredo, nem mesmo eu poderia saber quando esquecer o que disse, que seja transformado em emoção no próximo suspiro. Se for para ser guardado, ainda que por um breve instante, que valha de reflexão para um minuto de abrigo quando tudo estiver perdido. Se estiver duplamente enganado, ao menos compreenda que nem sempre seu jeito é o certo para o outro, que em algum momento da desculpa, inventada para si mesmo, possa contemplar a luz da bondade. Se a verdade sair de fininho, esta insegurança de viver plenamente a felicidade reservada a ti, que possivelmente estará jogando fora, tente pensar o suficiente antes de defender um território momentâneo ao invés de perder a trilha que gostaria de seguir. Se o objetivo for o esconderijo, mesmo aquele imundo e podre, preste muita atenção na companhia oferecida pela escuridão. Se a tempestade estiver alagando suas atitudes, enfrente a agonia com o que a coragem é capaz, então aprenda sobre o tempo e veja bem quem eu sou. Se falhar em desejar simplicidade à vida, entenda que hoje, mais uma vez, a tristeza lhe fará companhia, que as ambições não acabem na complexidade de suas mentiras. Se não se der atenção, um mundo inabitável em que se encontra, que leve um pouco de mim por falta de razão.

O sol que você plantou no meu quintal está dando frutos.

segunda-feira, 13 de maio de 2013

Olhos grandes - Um pouco de tudo que nunca aconteceu como sonhamos



Não fez nada para que permanecesse alerta. Ela apenas sentiu a arrogância de um debochado sem sal algum. Tão pouco de contato sincero, desperdiçado por um personagem que o outro preferiu vestir. Hoje ele sente muito pela máquina do tempo apedrejada, num impulso desesperançoso de percepção da humanidade. Mas sabe que você jamais deveria ter sido testada, que você não é deste planeta também, uma marciana. Tarde demais. 
Os olhos dela tão grandes, como a vontade dele de consertar as atitudes que o levaram a acabar com o futuro ao seu lado, nem que fosse só por estar ali em algumas datas comuns, já seria o suficiente. Ela ainda está perdida. Apoiada por seus familiares inseparáveis.  É acolhedor vê-la tão firme no desprendimento dos longos anos que a atormentam agora. Felicidade vital na qual transborda sua força de menina sonhadora. Oh! Quanta tristeza em não poder ouvir sua voz tímida, olhar de perto sua face avermelhada pela brisa da madrugada; ver seus passos apressados atrás de sua gata fujona. 
Há um ciclo irracional nos acontecimentos de suas vidas. Algo tão profundo que o exagerado tornou-se simples quando ele pensou em tocar sua mão. Ela ficou imóvel, como uma caixinha branca sentada na calçada. 

Duas



Ah, sim. Está desmoronando. Sua percepção proeminente quanto ao que fui há uma hora não chegará a me tocar, nem daqui há duas vidas. Este é o amor que procura, metade revela um espelho enquanto seu meio sorriso te leva sozinha ao poder; movendo-se em linhas ocultas nos dogmas de sua seita. Esta é a desculpa para sua dor, mãos fechadas limitando a verdadeira frequência de emoções duradouras. Uma ligação mental com o mentor de seus passos. A segurança de ser controlada em direção à solidão, futilmente enriquecedora, é o que precisa: imediatismo cômodo, leitura secundária do prazer. Parte de ti estilhaçando-se sobre meus olhos, cegando, sangue irônico este que me faz sentir lástimas frias afundando, derretendo em mim. Gosto aguado, do que fora intenso, perdendo-se arrasadoramente e incontrolavelmente na boca da noite. Buscando somente a palma agradável de tuas carícias sinceras. Mas não, vocês são duas: amarras confusas, perdidas numa falha sensorial de um mundo mentiroso. 

sexta-feira, 10 de maio de 2013

Mendigo e o povo



Cara, esse é o povo que está no cabresto do sistema: Te viu tomando cerveja, é alcoólatra. Te viu socando um bandido, é violento. Te viu xingando o outro, é estúpido. Te viu dando uns amassos na esquina, é promíscuo. Te viu correndo, é atleta. Te viu ajudando a carregar sacola, é educado. Te viu com um violão na rua, é vagabundo. Te viu na fila do banco, é trabalhador. Te viu doente, é fraco. Te viu com o príncipe, é importante. Te viu na TV, é famoso. Te viu vivendo, alguma coisa você tem que ter. Te viu morrendo, eles estão aos saltos de alegria. Ninguém quer ir lá e conversar com você, ver quem é realmente. Saber da sua vida, se tem dificuldade ou se pode te ajudar. O negócio deles é meter o pau em todo mundo, falar o que não sabe como se fosse o apresentador de merda de um telejornal mais inútil ainda. "Ah, ele ganha quinhentos mil por mês, é de família e ajuda os necessitados." Tudo isso é imagem, amigo. Estão sendo enganados na cara dura e ainda ficam presos vendo programas que ditam a realidade. Um cachorro mata a dona de casa, é como se todos os cachorros do país fossem matar a qualquer momento. Então vamos sacrificá-los. Isto é de Deus? Matar é de Deus?!
Policiais ou bandidos armados, são a mesma coisa, estão em posse de um artifício com um único propósito, tirar a vida. E, podemos impor a força do medo com uma arma. O poder dos ignorantes é construir algo destrutivo para limitar os capazes; é fazer leis para as coisas que não conseguem comprar com o dinheiro; é acorrentar os que pensam em preservar a natureza num poste de Ongs e Organizações ditadas pelo capitalismo; o que dá na mesma que dizer que sou do bem, mas desmato um ou dez milhões de campos de futebol por dia. O povo vê que você não amarrou seu cadarço, meu velho, ao invés de te avisar para não tropeçar, esperam só para ver a desgraça. O pior, acham a maior graça, sendo que o estropiado é um deles. Ta bom, vou ser claro. O povo ri de si mesmo, da própria incapacidade o tempo todo, e acha que o palhaço é o outro. Sabe porquê? Por que a mídia induz colocar a culpa, de todo o mal que existe, em seres perigosíssimos, só não revela que são tão humanos quanto estes também. Não, eles sempre são os deuses da honestidade e da compaixão. Ah, me dá um tempo jovem...
O medo grita e a coragem pensa em soluções.

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Casa popular


O lugar de descanso
Trabalhando duro nos desejos ocultos
Uma alma resgatando os passos do messias
Drenando o sangue do povo
Charme sociopático
Encantando com poder misterioso
Uma arma disparando vícios aleatórios
Abraço supersônico das promessas indutivas
Homem miserável
Inventando famílias mecânicas
Um mercenário encorajando auto-sacrifício
Corrosão irreversível do princípio vital
Desumanizado
Envenenando a conduta complacente
Um amigo do noticiário popular
Agraciado pela cegueira social

Sente, levante e repita minhas palavras...