Enquanto caem esfomeados e doentes, passeio no meu Mercedes-Benz Classe M acenando ao povo, celebrando o milagre indiferente. Nada menos que todo o luxo que a ostentação apresenta. Sou tratado como o mais humilde dentre os que sofrem no mundo. Idolatrado, discordando com um preceito básico do que vos rogo a crer com tanto amor. Sou a mecha do prelúdio de gritos agonizantes, sulfurado na chama que exala a imensa simpatia que transmito; convertida admiração, devoção em desígnios impossíveis e totalmente prováveis com a fé monitorada pelos servos da desgraça. Enquanto rolam na dor e desamparo, discurso sobre a bondade infinita, sorrindo para as câmeras, propagando o selo do pacto magnificente que conduz à ilusão. Nada menos que o combinado possa valer. Sou anunciado como o mais salubre dos seres. Exaltado, impugnando o direito das palavras exemplares que vos digo com tanto prazer. Sou a flecha incendiária em gestos marcantes, sufocando a dona de casa que não percebe de onde vem a fumaça; divertida alucinação, adoração em escalas subversivas e completamente tragáveis com mel, deliberada pelos súditos da doce enganação.
Tentam levantar e se firmarem, me retiro nas nuvens de
seus desejos primordiais. E faço com que me puxe para conquistar o que nunca
vos darei, além de falsas histórias de quem um dia alcançou seu sonho. As
coleiras apertadas em suas mentes, enquanto as rédeas do poder estão em minhas mãos.
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