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quarta-feira, 7 de dezembro de 2011

Felicidade


Quem procura a felicidade pode até encontrar em algo, em algum momento, um dia.
Mas quem procura feliz, já sabe como lidar com ela quando encontrar.
Se no fim imaginar não ter encontrado, saiba que ela nunca fica do lado de fora. 

Helton Gouvêa

sábado, 3 de dezembro de 2011

Índios


Recebem a morte como uma dádiva, em proteção a natureza. Espíritos designados, cada um com sua missão. Uns cuidam da água, outros do fogo, da terra, do ar, das árvores, dos animais, da vida, do amor... Curadores da natureza, elementais, pacificadores, escudos invisíveis...        
Abrem os olhos para a vida, sendo novos seres, com almas velhas e experientes. Reaprendem a brincar e serem inocentes, sem deixar de sentir o grande poder que possui. Deixando para trás, cada vez mais, um pouco de sua arrogância e seus pensamentos negativos. Lutando contra si, no pior dos campos de batalha: Sua mente, seus medos, suas fraquezas e seus delírios cognitivos de autodestruição, são as barreiras mais pertinentes.
Fincam os pés, como raízes na terra. Respiram como se fossem o próprio ar. Abraçam sua família, aquecendo como o fogo. Deságua em prantos como a água, quando o homem branco destrói o planeta.

Helton Gouvêa

“Simples, mas de coração.”           
– Aos que habitam Belo Monte. 

quarta-feira, 16 de novembro de 2011

Terra sagrada


Corpo celestial, fruto do cosmo e símbolo de luz. Paz transcendental, alegre aquecimento espiritual, elevação d’alma... Multiplicação da visão por sua energia terrena, gravuras espectrais vistas por telepatia... Êxtase sentado na ponta do penhasco.
Contos e lendas passeiam por esta terra misteriosa. Grutas, trilhas, picos, arquiteturas, esplendores, personagens, canções, artes, pessoas, duendes, fadas, bruxas... Tudo se encaixa como um castelo de pedras, imponente sob a montanha.
Comida magicamente magnífica, sabores delirantes dos cultivos nativos. Cheiros essenciais ao paladar e prisões eternas a nossa saciedade. Truque perfeito dos caldeirões das bruxas.
Miragens naturalmente visíveis, como um sopro de dragão que nos causa um medo extremo. Beleza e grandeza da natureza que nos deixam vivos pra contar como foi sobreviver as suas quimeras. Brincadeiras dos duendes, habitantes dessa terra sagrada.
Noite encantada por canções e danças em um rito de agradecimento a vida. Céu incandescente, tranqüilizante ou simplesmente coberto por nuvens cinza... Magnetismo que nos deixa solto e pronto pro amor. Pó mágico das varinhas de condão das fadas, transmitindo paz entre os povos.
Ferramentas que martelam as pedreiras, carregamento feito no semi-árido... Construções erguidas, enfeites pros estrangeiros, realidade pros locais, comunidade unida e hospitalidade correndo no sangue. Pessoas humildemente gentis e simplesmente honestas, como tudo deveria ser.
O medo é uma das coisas ruins da fantasia, esse sentimento tem que ser dissipado com o tempo... Assim como as nuvens tempestuosas são, quando o vento sopra... Filosofia xamãnica das artes locais, como a canção dos sete sóis.
Olhando pra trás, enxerga-se cristais brancos pela estrada e ao alto, a montanha de pedras luminosas... Um sentimento saudoso que fica em mentes de bem e corações apaixonados. Passagens secretas nos levarão de volta a terra sagrada, quando estivermos preparados a viver novamente essa história fantástica.

Helton Gouvêa

Indicação de música para leitura: Velvet Green - Jethro Tull










terça-feira, 8 de novembro de 2011

Sem poderes


Poderia estar com a Lua no bolso e dar Marte de troco, mas mesmo assim sem você, meu mundo ficaria incompleto. Poderia ter 1 real, 10 milhões ou ser dono de todo o dinheiro, mas nenhuma quantia valeria o quanto você me valeu e vale. Poderia ter sido Beethoven, Robert Plant ou um mendigo artista... Nenhuma arte me satisfaria tanto quanto teus desenhos de cabecinha redonda e membros de palitinhos. Poderia ter poderes como: força brutal, voar ou dormir a hora que quiser... Mas não teria tanta graça quanto o poder de ter você, em meus braços... Poderia ter inventado o telefone, bites ou a máquina do tempo... Mas nunca conseguiria dizer sim para você, com aquela maturidade jovial. Poderia ter colorido o mundo, feito mares e paisagens esplendidas... Mas nunca me impressionaria tanto, como a cor dos seus olhos correndo em minha direção, como o suor da sua pele nas tardes de verão, segurando um taco e gritando : Um, dois, três... Poderia ter escrito a bíblia, os dez mandamentos ou que te amo nas areias de uma praia qualquer... Mas nunca saberia o que sinto. Poderia ter entregue o convite que guardo comigo, em branco, para que um dia façamos algo... Juntamente com um CD de músicas românticas, e dizer que pessoa igual a você não encontrarei mais. Poderia ter sido ou feito muitas coisas que o tempo já não permitirá, mas mesmo assim penso que, talvez, um dia possa sentar numa cadeira de balanço ao teu lado e ser feliz. Assim, ter a paz que procuro.

Helton Gouvêa

Amar



Não é perguntar, para si mesmo ou não: “Por quê?”, “Pra quê?”, “Onde é?”, “Tudo bem?”... É simplesmente saber que o sorriso... O desembaraço... O gesto... Olhar... Cadência dos movimentos... Voz suave, tremendo, doce... Abraço firme, delicado, tímido, envolvente... Bom, realmente é saber que qualquer coisa com essa pessoa, te faz querê-la em seus braços... Em seus olhares... Em seus ouvidos... Em sua boca... Em seu delírio... Em pedaços vazios... Em harmonia... Em desacordo... Em volta... Dentro... Fora... Junto... Distante... Pois a quer de qualquer forma. Desde que seja livre para te querer. 
Dance só. Dance em silencio. Dance parado. Dance com os pés por baixo da mesa. Dance com a vida. Dance na vida. Dance para viver. Dance com suas escolhas. Dance para as suas escolhas. Dance hoje e sempre... Dance amando o ato livre de estar e sabendo que, em palavras, jamais saberá o que é o amor, sem ao menos ter sentido um pouco o medo de não ser amado.

terça-feira, 25 de outubro de 2011

Espasmo emocional


Tudo que tenho são pedaços desconexos de quem fui um dia
Tento juntar e formar a melhor figura para que o mundo sorria
Esforço-me tanto para agradar que esqueço de como eu sabia
Que o melhor de mim não depende da tua falsa alegria...
Mas agora, estes recortes descabídos como alegoria
Estão espalhados por toda parte do meu ser, minha dislexia
Emocional, como um caminho infindo de pura nostalgia
De não sei o quê, pois em um dos fragmentos dizia que eu morria...

Perdendo-me nos tamanhos, cores, espessuras dos retalhos, algo me induzia
Sobre um amor eterno, nas linhas mal juntadas restou a rebeldia
A perda, e as constelações de um álbum de figurinha
Aquele que daria a não sei quem e muito menos se valeria...
O passado tornou-se dor nos borrões ininteligíveis que asfixia
Cada instante que não lembro o porquê do que sentia
Assim, vou abraçando e concordando com o que acho que agradaria
Mais um, menos um, o importante é seguir sendo o que talvez seria...

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Solidão

Sofrimento intermitente e continuo. Latente e sem aviso. Veio para ficar e disse pra me matar. Enquanto restar vida chorarei lágrimas de dor. Sob tudo fincou n’alma um vazio eterno e silencioso... Um buraco negro de lástima. Vento frio que aborrece minhas pálpebras e faz com que escorra lembranças tristes. Somente o desgosto habita a caixa indestrutível do meu peito. Nunca, é a palavra que dá sentido a minha felicidade a partir de hoje. Solidão, âncora que me estarrece os ossos, órgãos e pensamentos, a cada segundo e em cada movimento. Vela que me leva ao abismo de minhas aflições, dos meus martírios, dos meus pesares. Coisas que nem mesmo sei explicar. Mesmo vindo de mim. Estando em mim.                                                                                            Partindo como uma explosão angustiante de fora para dentro, vou implorando abandono. Para que tudo que fere, se vá. Deixe-me nu. Traga-me um sopro de vida. Uma esmola de carinho. Uma gota de afeição sublime no ar que paira a milhas de minha cabeça esmagada pela violência da amargura. Suplico a todas as forças do bem que tire esse escárnio de mal olhado de minhas asas. Peço um toque meigo em minha face retalhada pelo ódio de meu algoz. Conjuro em desespero o paraíso de anjos salvadores. Nada ouço. Nada me resta. Apenas o fim certo dessa morte lenta e impetuosa que me arrasta, arrancando as vísceras de discernimento. A ausência infinita do amor devora cada centímetro do meu corpo. Agulhas perfuram meus lábios, costurando-os e calando meus gritos de socorro... Mm... Mmm! Mmm! Mmmmmm!!!       

domingo, 11 de setembro de 2011

Onze de setembro (09/11)


Para toda família que sofre e sofreu, minha empatia. Revolta pela falta de humanismo e meu entendimento da incapacidade de enxergar o óbvio: Se pensássemos um segundo que todos somos humanos, saberíamos que o "diabo" si diverte um bocado vendo a gente si trucidar aqui. Meus sentimentos. Paz...

For any family that suffers and has suffered, my empathy. Revolt by the lack of understanding of humanity and their inability to see the obvious: If we think a second that we are all human, would we know that the "devil" have fun seeing we slay each other here. My feelings. Peace ..
PS: Qualquer erro no inglês, me desculpem. / Any errors in English, sorry.
Helton Gouvêa

sexta-feira, 2 de setembro de 2011

Todo seu amor

Tantas memórias de adeus em seus olhos... Sempre consolando com suas doces palavras de conforto aqueles que ficavam pra sofrer a partida de um grande amor... Seu carisma natural acolhia os mais diversos sentimentos alheios e pregava sorrisos extenuantes de felicidade...
O mundo certo desmoronou em suas costas e o soterrou com toda sua fúria repentina... Sufocando em dor, via-se diante do que imaginava ser impossível... Movimentos em uma lentidão coordenada em desespero afoito... Colocando as mãos onde não tem fim... Na aflição de seu rosto. Uma perda que acabara de saber... Acabou com sua vontade de viver... Roberto nunca mais tocará Caíke, seu filho... Era apenas um menino...
Por toda eternidade será seu sofrimento... Todas suas canções debruçadas em lamentos... Suas noites sedadas por dores incansáveis, como o tiquetaquear de um relógio durante a insônia... Sua alma estraçalhada exala arrogantemente e de modo vagaroso, sua morte...
Todo seu amor coberto pela terra marrom escura... Trovões dispersos ao longe ecoam no cerne do seu suicídio afetivo... Encharcado pela água gelada dos pingos incessantes da chuva, provocando suas lembranças mais profundas de desespero esboçadas nas páginas do que um dia foi alegre...
Uma levada melódica e temperamentalmente composta por seu sofrimento, marca a passagem da vida e morte de seu eterno menino... Os solos não foram e nem serão mais os mesmos desde então...   

Helton Gouvêa  

segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Exceção Para Agradecimento

Obrigado ao pessoal dos países: Alemanha, Brasil (É claro!), Canadá , Irlanda, Japão, Portugal e USA que acompanham o blog. Grande abraço a todos!

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Cobiça

Não gosto de dormir. Acho que isso é uma grande perda de tempo. Quando dou conta, já são altas horas da madrugada e tenho que acordar em poucas horas. Me desgasto todo santo dia por culpa disso. Minha vontade de viver intensamente é tão grande que acabo exaurido por ela, embriagado pela letargia constante. Durmo acordado com pensamentos de solidão. Consumo minha energia máxima, mesmo ela estando sempre por um fio. Como um furacão no espaço sideral. Onde não há ar de esperança para os ventos fortes. Acabam tornando-se nulos. Vazios em sua existência. Incompetentes em seu propósito de existir.
Os olhos inchados delatam a noite mal descansada. Ações que revogam a coragem de compartilhar algo próspero. Mensagem de invalidez constante decifrada por arrogância e estupidez. Insone aspiração de morte. Brincando no gira-gira da depressão e no balanço da angústia. Sorrio dissimuladamente, convincentemente aos meus impulsos dolosos. Martirizo o nada em mim, criando um ralo de desespero sem fim. Um som de piano desafinado bate nas teclas do baixo ao fundo, melodicamente deprimente e insanamente persistente, alguns vidros parecem se quebrar  nas agudas agora. Guitarras contundentes em atrito estridente com o prolongar do zunido agudo da dor de suas cordas. Percussão extremamente seca e dura, gravemente entoando a canção do colapso emocional. Agravando e assediando minha querida cobiça do sono eterno...

Helton Gouvêa

sábado, 20 de agosto de 2011

Confraria dos poetas esquecidos

Poesia são frações do tempo... Extensões de sentimento... Alento contra o vento... Simplesmente complicado...  Formigamento do conspícuo... Intimação da nossa natureza... É o resumo da confusão disparada em lamentos... Externar o que dizem dos que aparentemente são loucos... Como você disse a pouco que tomo Prozac... O que fiz foi sair em minha defesa com uma camisa de força amarrada na cintura... Por que to escrevendo... To inspirado aqui... Não posso perder esse "baque" da inspiração... Baque: tomar pico na veia com o ópio... Da emoção... 
Qual a função de alegrar-se com alguém? Seria um toque de magia a vida de outrem? Essas perguntas já não respondem que estou feliz comigo mesmo? A minha droga é um sentido repentino vindo de algo súbito e imponente... O meu vício são meus descontroles dos amores que perdi em terras... Minha vida tem pena e tinteiro, em ocasiões dispersas a vontade organicamente programada...
São danças no escuro com garotas virgens de mim... Desafinações que nos divertem sem preocupação com os apontamentos dos críticos...
Quando estou com problemas eu não gosto de ter fórmulas... Vezes eu cerro os dentes e sigo em frente... Outras eu deito na rede... Há também horas em que faço a primeira bobagem em mente... Mas tudo depende. Quando se ouve a razão, ou se houve a razão pra qualquer coisa que seja... Pode-se considerar chatice pura. Pois, só a loucura, os gritos, os movimentos desordenados do amor são capazes de purificar nossa paixão e nos levar ao ápice do prazer... Estamos sempre em desapronto com a vida... Desapronto? Não estar a fim de me aprontar pra viver hoje... Vou mesmo do jeito que estou... São maltrapilhos? Quem se importa além dos que não enxergam a bela paisagem da vida?
Só as luzes: nudez. Só as sombras: cobertura total. Todas as cores: Nenhuma. Nenhuma cor: uma delas. Tarde demais pra ser normal?
Tudo bem amor... Não quero segurar você nessa tempestade marítima que me encontro... Vou esperar o tempo acalmar um tanto e ver se consigo entrar em contato por rádio com a guarda costeira... Por que com essa tempestade ele parou de funcionar...
Não interessa o que você faça... Onde vá... Ela estará lá... Eu estarei lá com meu desejo de viver... Sou poeta... Sou a poesia... Esquecido de como sou... Eu vou sem me preocupar de como será, de como aqui vim parar...    

Helton Gouvêa

sexta-feira, 19 de agosto de 2011

Bons sonhos


Mecânica fatídica da vida... Esse sentido é tão desanimador que leva ao extremo das conseqüências. Um ser findo de si mesmo... De todas as rotinas importunas... Faz da liberdade um desfeche trágico de sua estadia na Terra. A maneira mais sábia e perceptiva da inexistência de propósitos... O mártir desligando os motores e a paz tomando a essência da sua nova existência...
Talvez seja o prolongamento de seus fracassos e sofrimentos... Talvez inicie um novo ciclo... Uma reciclagem... Pelo “talvez” não chegamos a lugar algum.
Então por que traçar métodos de desespero em cruzadas dentro d’alma?!
Jogar-se na profundidade de seus pensamentos de ódio e insanidade mórbida é a solução dos teóricos... Estudiosos da angústia. Mas a teórica é tão execrável que nos matamos em saber... Ou melhor, em procurar saber todas respostas da vida. Aqui entre nós, quem não acha que o melhor mesmo é o prático e o deleite dos prazeres em comum?... Bem como a pureza das ações em sua naturalidade generosa? Ou então, tantas outras despreocupações de limites benéficos.
Também pode-se dizer que a falta de busca racional torna a sensibilidade mais apurada e o amor mais próximo de um convívio agradável. São incontáveis vantagens em viver, que o homem ainda insiste em acabar com as possibilidades e as simplicidades da felicidade.
Detestamos qualquer tipo de prisão... E não vemos que nos violentamos todos os dias com essa hidráulica comportamental de mesmices e indagações padronizadas de sutilezas. Isso é uma prisão! Ilusão de conforto mútuo... Nada mais! Eu desprezo muito tudo isso!

Helton Gouvêa                     

O pequeno bicho que pensa


Os meses da semana... Acho que é isso que eles dizem. Nada faz muito sentido pra mim... Pequeno, preguiçoso e covarde. Sobrevivo em buracos gelados e sufocantes... Estou diante do grande bicho que pensa mais que todos. Estou aqui, sem ser notado, ainda sem entender o tempo desprendido pra si aprisionar em grandes construções.
O homem, como eles mesmos dizem que são, destroem o equilíbrio pra ter um papel com cores... Pra poder ofender os outros da mesma espécie e saírem impunes... Abatem uns aos outros por essa coisa que nem se quer serve pra comer. Até sabem do holocausto territorial e vital que tal imundice colorida traz. Seria o mesmo que acender o pavio e ficar sentado na dinamite... Eles se fazem cegos e burros. Com tanta inteligência, continuam fazendo pregos mudos pra seu caixão... Pregos tão mudos que seu estrondoso e silencioso barulho de seu finco os deixam surdos.
Vejo os que têm carapaça com muitas marcas e de cobertura branca serem os melhores dos seres, juntamente com os que são menores e bem agitados. Eles cuidam melhor da Terra. Pra mim ela seria mais bem ajudada por estes tranqüilos e alegres pensantes.
Pensar é só o que posso fazer. “Ah... Se eu fosse grande como eles”.

Helton Gouvêa

domingo, 24 de julho de 2011

Crise existencial

O destino de linhas cruzadas com os acontecimentos do acaso. As milhas interligadas aos meus quilômetros por hora. Devia me dizer algo. Acalmar meus ânimos. Tranquilizar meus medos. Pois já não preciso me esforçar para dar certo. Já deu! Só não esbarramos com o pré-definido ainda.
Mas algo está errado, aos montes. Não tenho controle sobre minhas atitudes mais. Meus braços e pernas encostaram uns nos outros e junto ao corpo, tornaram-se uma só coisa. Feito um verme. Agora rastejo. Vejo o que antes era liberdade, tirando a máscara da mentira, que tanto me enganou. Mostrando a cara podre das falsas conexões de minha vida. O tempo em que perdi esperando algo que nunca foi escrito. Que jamais aconteceria.
Quando criança uma velha cigana me disse que seria rico. Sobre tudo, muito feliz. Ainda me canso nesse chão empoeirado. São raros os momentos em que posso me divertir. Não tenho amigos. Fica mais complicado querer sair dessa. Estou no corredor da morte.        
Sopra uma brisa invisível, misticamente curiosa em minha direção. Sem movimento. Esfria minha espinha dorsal que a muito pensara não existir mais. Uma luz de energia toma meu corpo de casca, calejado pelo firmamento. Me dá um choque no peito. Dispara-me contra a caixa, onde minha alma foi aprisionada. Quebra minha superficialidade.
Posso me erguer... E voar!

Dedicado a J.R.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Naturalmente

O que posso fazer contra a força devastadora da natureza? Devo lutar ou me mudar? Talvez preservá-la pra que não ocorra distúrbios indesejáveis; ou quem sabe me jogar num furacão de incertezas? Quando se sabe que a arte de ser louco vem da mais profunda vontade de fazer o que não se faria, nem em um milhão de anos.
Se é de ordem natural, por que então o esforço para acalmar, minimizar impactos e controlar o tempo? Deixa correr... Deixe, se ela quiser que venha sorrir. Abrir o céu. Agraciar-me pela manhã, com sons que parecem divinos. Dos cantos dos pássaros. Com paisagens de cores vivas e convulsivas de paixão. Me fascina com sua demência e poderes ocultos ao cair da noite.
Pois é, acredite que no momento isso seria o caos. Um mergulho nas águas mais cristalinas e azuis do oceano. Transgrediria a lei do homem.
Naturalmente o ar dela é o combustível da minha vida. O que vem e o que deixa de vir, me traz paz. Tranquiliza, diminui a tensão e controla minhas estações com o livre ensejo de amá-la.
Então por que ainda não o fazer? Responda os porquês de tanta poluição comportamental e maus-tratos afetivos da minha auto-proteção, sendo eu e você a mais perfeita criação da natureza.
Não fomos feitos para nos relacionar, somos egoístas. Contudo, somos também os maiores quebradores de regras que existe. A exceção acompanhada de espasmos delirantes. Somos o equilíbrio, a prudência, a ponderação. Nos confrontamos, nos comparamos, nos esquecemos um dentro do outro... Somos o amor proibido.

                         

sábado, 16 de julho de 2011

Não sei por quê


Após começar a cultivar doutrinas por meio de ervas medicinais, estive pensando em coisas simples como: colocar uma fatia de, sei lá... De mortadela no pão. Poderia ser, por nosso costume rotineiro, uma coisa muito simples. Porém, essas coisas tornam-se vistas por outro ângulo. Um que nos permite solucionar qualquer problema de forma direta e simples... Traz mais simplicidade pro que já é simplíssimo. Não este em que você fica dobrando a fatia pra caber no pão. Se fecha o pão e não está simétrico, torna a abri-lo e redobra a peça fina. Quantas vezes essa atitude "origamesca" não se repete hein?! Pois agora tente o seguinte: jogue a fatia no pão aberto, mais ou menos no centro, pouco importa. Próximo passo é você fechar o pão. Próximo e ultimo passo, empurrar com os dedos as sobras das bordas. E lá dentro ela mesma se ajeita e distribui o peso pra equilibrar o espaço. Se tiver com maionese, é só lamber os dedos.
E as mulheres ainda reclamam que a gente complica as coisas... Aff!


Helton Gouvêa

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Cavaleiro Dourado


Não querem mais cavaleiro de armadura dourada em seu cavalo que voa em busca de aventura. Nem cortesias por estarem atraentes e bem vestidas. Tão pouco, estão felizes por terem ao seu lado um sonhador. Vezes romântico. Austero em outras. Mas sempre disposto a salvá-las.
Foram-se para o deserto das desilusões e voltaram rastejando, com instinto sobrepujante e venenos mortais. Maldosas e insensíveis. Agora, prevalece o jogo da sedução, tormento e caça aos que há tempos as protegiam do perigo.
Ele, inocente, não oferece mais desafios a seus planos e sonhos.
Querem aprisionar sua alma nos contos e desencontros de seus encantos. Lascivas, manipuladoras natas. A contra-proposta imediata a sua fraqueza. Soma exata de qualquer intuição. Navegação turbulenta por mares calmos. Tranquilidade forçada nas revoltas da vida. Tempos de glória em dias de seca. Opus nos campos da destruição. Afago imergido no descontente. Lamentação de longas alegrias.
Enquanto segura a espada e o escudo em seu nome, ela ri de sua bravura e desdenha de suas habilidades protetoras. Suas atitudes nobres são rasgadas, como seda se esvaíra na ferocidade das garras do extermínio.
Estão dispostas a ceder a quem estiver mais orientado na trilha da estupidez. A quem se esforça para barbarizar a própria inteligência e letargia. Ou também, aos ladinos que jogam no mesmo nível esquivo.


quinta-feira, 14 de julho de 2011

Estorno da dor


Quando foi embora, levou bem mais que meu amor consigo... Juntou tudo que conseguiu carregar nos braços e mãos... Foi-se também minha vontade de viver...
Procurei em todo canto... Com pessoas que vivi por eras ou apenas em momentos... Jamais vi pista alguma... Nunca parei de procurar... Foi então que a idéia de que não encontraria em lugar algum e nem em ninguém o que está com você, me surgiu de repente... Caiu em minha frente como um espanto da realidade... Fuga, Fugacidade do meu bem maior, minha paixão me aqueceu por segundos... Só por pensar que eu encontrei onde menos esperava e gostaria que estivesse... Em ti, vivo sem saber... Sem querer... Sem poder.
Vou tomar o que é meu... De volta... Juro que vou suportar o reencontro sem se quer me descuidar... Será uma aparição e mais nada... Um olhar de desprezo e um gesto ingrato pra retomar o que um dia compartilhamos... Tenho pressa, cansei de alimentar torpores.
Então nos resvalamos e pego o que um dia foi sacado e secado de meu reservatório sentimental... Pois agora que o tenho novamente, não deixo ninguém se aproximar... Um passo em sua direção é motivo pra eu muda-lo de lugar... Disfarça-lo de tesão, de inocência... Compaixão... É razão pra criar desculpas... Inventar lugares... Um nômade temperamental.
E quando tudo parece tão certo... Minto minha entrega, arrumo minhas coisas e parto sem deixar rastro... Vezes me distraio, então uma ou outra me revela... Me ilumina no breu de onde me escondo... Me dá seu calor natural... Alivia minha sensação experimentada na boca e na garganta... Acompanhada de um desejo arrogante... Deixo me enganar pra sentir vida em minhas veias... Aproveito de sua redenção... (...) 
Sei que mentira mata... É o que faço... A deixo estendida, despojada de sua existência... Pra me proteger... Gargalhar loucamente... Eu corro... Cortando o vento como o aço trespassa gargantas a toda velocidade... O perigo passa bem perto e eu gosto de me arriscar... Sinto saudade de me emocionar... Substituo essa emoção pela audácia... Atropelo quem posso e desvio dos paredões... Faz um bem instantâneo... Vejo que agora me tornei você... Roubo vidas...

Helton Gouvêa

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Fome

Se fosse no meu mundo, nem eu estaria vivo...
Os traidores cairiam, os que se elevam e humilham, sucumbiriam...
Ao rebate de suas próprias presunções... De seus saltos sob a humildade... Na direção e alcance mais alto de sua ignorância...
Vamos de mãos dadas com nossos erros... Beijamos pés de reis modernos... Sacamos da algibeira um sorriso expresso e compramos respeito... Contratamos súditos pra nos abanar e aumentar nossa arrogância... Pois o fogo da vaidade nos queima por dentro... Nos traz os olhos da falência... O punho da avareza e da maldade... Controla os amigos que são apodados de anjos... Comanda uma dinastia cega de amores... Atrofiada nos sentidos de humanidade... Aplaudindo “descoordenadamente” a sua ganância... Confundindo a bondade simplória com o mal ardiloso...
Com visão de cima pra tudo que corre de seu ódio amistoso... Safa os que lhe servem com sua impetuosidade e gentileza déspota... Dizem ‘obrigado’ transmutado em nefralgia... Soldam suas faces num fixo desprezo pela vida... Cuncubinam com a impureza de seus pensamentos... Refletem a confiança da desordem... Destruidores de lares e ilusões passageiras...
Um gélido ar que corta a espinha dorsal de nossa lembrança... Essa que espeta no coração por refazermos o caminho da traição... Recordando a auto-indulgência de seus pérfidos atos... São como o punhal que te convida proteção... Mas vem montado em suas costas...
A fome que assola nossa libido... Impulsiona o consumismo da energia motriz dos instintos de vida... Avassala o escravo da fé... E sutilmente descansa no campo da desconfiança... Com suas flores, cheias de cores e cheiros... Emanam os encantos da destruição... Enganam com suas belas formas e seus perfumes... Fascinam a contra-vontade do controle e nos põe afável a suas façanhas... Jogando com as mais perigosas das vicissitudes... Ela nos combina com nossos desejos... Brinca com nossa ambição... Permeia nosso mais intimo devaneio... Nos vicia com gostos, sabores e texturas... Toca em nossos segredos com plumas de eretismo... Nos acompanha ao auge da satisfação... E despede-se deixando na cama a impressão de que voltará a nos visitar...

Helton Gouvêa                  

segunda-feira, 27 de junho de 2011

Doutor solidão


Tão longe da dosagem certa, ele se automedica... Infusão amarga e infecciosa... Sente em sua garganta a morte lenta do seu próprio veneno... A reação do fluxo vital o chama de fracassado... Implora sua entrega... Dá passagem livre as trevas, pra fazer o que quiser em sua essência mental... Corrói seus cordões afetivos de amizade... Chuta sua cara enquanto cai no abismo sem fim... Não mais consegue expressar empatia, nem ao menos se importa consigo mesmo...  Suas bolsas de lágrimas estão cheias de ódio... Que agora escorrem furtivamente sob sua face nefasta... O lado negro da sua alma confirma a catástrofe emocional... Um homem totalmente consumido pelo instinto animal... Pulsando incompreensão... Arrebatando qualquer tipo de contato com sua foice viral... Colecionando cabeças... Rasgando aspirações dos sonhadores... Andarilho da noite... Vento sombrio e gélido do medo... Com suas garras arranca seu frio coração... Amaldiçoado com seu comportamento hostil... Perturbado por suas lembranças desajustadas de foco... Em queda livre sem chance de resgate... Debatendo-se nas rochas ásperas e pontiagudas... Cai... Sem parar... De sentir dor... Cai... Já não agüenta mais pessoas sem machucados e felizes ao seu lado... Torna-se carniceiro... Lambendo feridas cheias de pus de desavença... Retalhando pessoas pra sustentar seu vicio... Alimenta-se das fraquezas dos outros... Uma aberração, enchendo-se da insuficiência humana... Comendo restos de passados tristes e tomando forma bestial... Com seus olhos vermelhos e pele enegrecida... Conduz a legião do mal... Assombra seus sonhos... Acorda seus pesadelos... Destrói vidas e joga pessoas na fenda do sofrimento... Simboliza o mal em espírito... Filho de Lúcifer... Pai das mentiras...   

Helton Gouvêa                        

sábado, 25 de junho de 2011

Ciclo da vida


Algo assustou a pequena criança
Ela chorou num canto sozinha
Sem proteção e sem a menor vergonha de seus sentimentos
Segurou o pano da camisa encharcada por sua dor
Mordeu a gola com toda força e sugou um pouco do soro de suas emoções
Alimentou-se de sua fraqueza...
Ninguém a acolhe, e ela se recupera...
Levanta seu olhar... Que percorre e desenha o momento...
Com giz de cera contorna, e pinta com lápis de escrever...
Guarda o desenho na sua gaveta da decepção...
E vai trocar sua roupa que sujou ao se jogar no chão...
Mãos esfoladas, ela começa a perceber que não vale a pena...
Não vale sentir tanto medo assim das coisas que a assustam
Agora ela está mais corajosa... Sua motivação em crescer é enorme
Seus passos são firmes e revolucionários... Já não é mais uma criança
Nem tão pouco adulto... Estava voando num avião a jato... Com explosivos nas mãos...
Bebendo e fumando... Julgando povos e leis sem ao menos se interessar por isso...
Após muito cair... Em paz consigo mesmo... Chegando às grandes responsabilidades
Tudo que existe é abaixo da preocupação... Da vontade de vencer e sustentar a si próprio
Sempre que pode guarda um pouco do que tem para o futuro...
Ele chega rápido demais... Ela está assustada por já ter vários de sua origem...
Mas ao mesmo tempo terna e alegre por ter conquistado tudo aquilo...
Mais feliz ainda por ver quanta felicidade existe ao seu redor...
Quanto ela contribuiu para harmonização daquela união...
Porque passa um sorriso confiante e tranqüilo...
Porque abre teus braços para meio mundo...
E isso tudo sentindo o fim chegando...
Chega com passos leves...
Estende a mão...
E a guia...
Fim...



Paixão de filme

Siga meus pensamentos... Não minhas palavras... Olhos atentos... Não são melhores que minhas emoções... Tão pouco suas razões pra ouvi-las... Fique atrás da minha grade emocional... Seus sinais de fumaça... Como de um vulcão que adormece... Quando acorda todos sabem... Sabem que está chegando... Sabem que está queimando...
O medo é o mais previsível dos sentimentos... Mas peço que não jogue fora o que é meu... Deixe estar no seu lugar, que a pouco cheguei... Abrace meu calor embaixo da coberta... Numa cabana que eu mesmo fiz... Pra nos proteger... De você mesma... De seus sentimentos por mim...
Num aperto de corpos esclarece o que não há mais dúvida... Mas esconda-se...
Esconda-se das chamas que vem da erupção... Que está devastando nossa lógica... Nossa covardia... Nossa cautela... Nossa timidez... Fique por perto... Quase aqui, mas já estando...  Só até quando eu respirar... Pra todo sempre...  
Posso tentar te enganar e até conseguir... Mas jamais enganarei o que estou sentindo... E você não se contentará com o que está ouvindo... Sendo nosso ponto de encontro e subentendimento, aquilo que estamos dizendo sem palavras... Aquilo que está além das expressões algébricas de nossas brincadeiras sérias...  
O fogo já está em nós... Arde prazerosamente... E aos poucos consome nossa paixão... Dia sim, outro também... Siga meus sinais de fuga e corra atrás... Todas as rotas me levam ao mesmo lugar... Já não é mais necessário escapar... Nem me esconder de você... Nem você de mim... Pois já estamos presos juntos... Com a chave na mão... Você sai, mas sempre volta... E sempre voltará...

Helton Gouvêa

quarta-feira, 22 de junho de 2011

Um amigo

Eterna saudade de sua alegria
Uma luz que irradia de sua triste partida
Clareia nossas moradias
Clareira que aquece amigos nas noites frias...
Todo sorriso despertou euforia
Transpareceu juventude sadia
Traços de rebeldia e luta
Sua força estava na permuta...
De bons conselhos e abraços concordantes
De brincadeiras fáceis e gestos infantes
Tua bandeira de paz nos locais decadentes
Oferecia abrigo aos necessitados e carentes...
Tua música nos auto-falantes
Direcionava passos errantes
Acolhia pessoas tratantes
Acalmava os mais gritantes...
Unia grupos distintos
Passando por seus labirintos
Transformando guerra em paz
Tua matéria presente não se faz...
Porém tua alma nunca nos deixa sós
Um amigo que injustamente foi tirado de nós...

Helton Gouvêa

terça-feira, 21 de junho de 2011

Meu cm


Corpo. Flor na pele. Cor,  maçã... Do rosto. Aroma ameixa... Da prevenção, o amor... Na dor a paixão... Seu minuto, meu segundo... Agora se acalmou. Voltou ser o que nasceu para ser... Memórias tão vivas que aconteceu de novo. Vem ser meu cm no meu quadrado  sentimental. Não consigo mais dormir sem sentir aquela alegria. Repleto de acasos... No espelho da mentira, frente a frente com a verdade que brincamos em desmentir. Vem me esvaziar a amargura. Vem tentar me consertar. Vamos lembrar de conversas que não tivemos. Melhor que eu, você sabe o que quero dizer. Mas não quero admitir... Com ou sem você, eu vou. É o que digo... Na verdade não saio de lá sem você. Não consigo viver mais sem meu cm. É, o espaço que falta na minha razão. É a única coisa capaz de preenchê-lo... De retê-lo. Derrete-lo, com seu fervor... Desavisado. Revelando o que realmente está por baixo do pano. Tingido de sorrisos tristes e tristezas alegres. Somos eu e você de mãos dadas. De laços desatados. Porque somos livres com nós mesmos. Porque sabemos a diferença. Vivemos felizes então. Na saúde ou na doença. Até que o infinito acabe. Até que os deuses sejam maus. Até esquecermos porque estamos unidos. Sem saber o porque olhamos um para o outro. Olhamos felizes também. Meu tempo é seu... E o seu, meu. Meu cm... De emoção. Minha imensidão. Nossa viagem... Uma alça sem maleta. Quando a mesma sou eu... De braços abertos. Apronte seus adornos em minha fortaleza. Sinta-se segura... Por mim. Suavizo sua alma em meu peito. Ouça a sua voz... Diz que ainda não sinto coragem que saiba. Mas saiba o que a coragem tem a dizer... Nessas palavras... Avulsas... Com duplo sentido. Para te confundir. Para sua respiração aproximar-se da minha. Para sua timidez enganar minhas intenções... E nos morder de brincadeira. Na vontade inocente... Rimos. Nos espalhamos na cama feito crianças. Nos conduzimos frente ao outro como amantes. Seduzimos a imaginação e no encontramos. Voamos para bem longe. Só para ver um filme. Só para ser a desculpa de nosso bobo cm... O meu não... O seu... Que é meu. Por menor que seja... Sua vontade de ir embora... Não vá ainda... Meu fogo também me queima... Fica... Confia... Acorda.

segunda-feira, 20 de junho de 2011

Frio... Está muito frio aqui

Frio, está muito frio aqui... Calma ai... Esperei pra estar aqui agora... Esperei pra ser alguma coisa nesse instante.. Me mantenho fixo no real... Porque sei que não existe... E sei que nao é pra sempre... Estamos aqui novamente... Somente algo em você que me faz crer que estamos aqui... Novamente... A sanidade é irreal... Jaula... Uma anfitriã coadjuvante interlaçada pelo medo... Me procura a todo momento... Vivi momentos e sentimentos... Agora é hora de ficar em paz... Fique comigo em lugar de tranquilidade... Estamos aqui.. Viva comigo... Seja eu... Me torne o Sol... Estou aqui... Eu sou você... Reaja... Reaja... Você não é de papel... Seja irrelevante... Transmita puberdade... A mensagem fará o contrário do que você disser... Ajeite-se... Passe... Decomponha... Fixe... Contorne... Nada será seu... Nunca... Revele a forma de um ser digno... Mostre-se humano pra mim... Não pode negar a impulsividade de fazer o mal... Nem a bondade de dizer ajudo... É inegável... A forma do ser e estar se faz presente... São palavras eu sei... Mas qual de nós nunca foi uma? Nunca definiu algo por sentenças desavisadas? Quem não me julgou? Jogou chamas de maldade na caixa de pandora? Cultivou no teatro da mente um momento circunspecto da verdade?... A impaciência nos torna frágeis... Sepulcros da inocência... Momentos agonizantes durante anos... Estamos aqui ainda.. Doentes... Vulneráveis... Falo comigo mesmo... Sou eu pra mim mesmo... Discuto... Obrigo... Escuto... Fica claro a escuridão dos passos para a morte... Fica vazia a sala com verdades ditas na curva da razão... É incessante o grito de aceitação e extremamente doloroso o impacto das mentiras... Que não deixam dúvidas da verdade que é mentir... O frio consome as ligações de lógica... Fome... Sinto fome... As costas ardem com o peso do sono... Impureza de sermos quem nascemos pra ser... De jogarmos dados de azar sabendo da certeza do insucesso... Estou com muito frio... Frio demais... E sono... Não quero dormir... Porque dormir é perca de tempo... Ninguem é igual a ninguem... Jamais será... Descontrole... Absolvição... “Ele é o único que me aceita”... ”Mesmo com defeitos”... Mentira! Não fale bobagens mulher... ”É a verdade”... Mas tá demais de ruim... Sensação da morte... Parece o fim... Senta do meu lado com cara de amigo... Desgraçado... Sei que é ele... Segure minha mão então... Porque não quero... Sinceramente... Porque não quero. Acho inútil... Passei a aceitar mais as pessoas do jeito que são... Você aceita?... Deve ser esse o problema... As pessoas não gostam de ser aceitas... Gostam de ser contestadas... Anuladas... Vulneráveis mais uma vez... Querem nosso desprezo... Não aceitam nossa devoção... Nossa coragem... Nossa vida. Tristeza... Não é o suficiente pra chegar onde cheguei... Isso é figurinha pra completar albúm de vida... Isso é perseverança manipulada pra ser felicidade eterna... É amar a sí mesmo mais do que se precisa... Mais que preocupação de sabedoria intuitiva... É extensão da auto-estima... Caiu no desgosto... Porque está se martirizando por uma coisa que é de agrado ao deus da vida?... Você está sofrendo por algo que a vida impôs a você... E impõe a qualquer pessoa que já respirou na vida... Isso é comum... Senso de qualquer pessoa que esteve brincando com o descaso... Acabou tudo... A dor... Solidão... Entre-linhas... Desprazer... Mentira... Inveja... Enganação... Sobreposição... Mostruário... Cabides de arrogância... Negação... Não se acaba o que não tem fim... Quem disse que a vida é o que queremos que seja?... O frio consome a lentidão e fica mais parado ainda... O fogo congelado condiz com a relevância de uma vida em vão... Sim, todos nós estamos fadados a ela... Sim, todos nós pagamos um preço alto por ela... Mas não, não temos direito algum sobre coisa alguma depois que passamos porisso... Qual razão pra descontarmos raiva que seja, em sobriedade ou na aflição... Dignos de pena... Será? Por favor, volte mais uma vez... Diga: Agora, agora... Cante em meu lugar... Em meu lugar estará perdido... Perdido... Encontrará violência... Estará frizado no borrão das atitudes circulares... Me tome de volta ao inicio...Está muito frio...Frio demais pra ser verdade...Alguem me aqueça... Me aqueça por favor... Me cubra... Estou morrendo... Está...Esss...tá...tá...friii..frii..frio...aa...qui.


Helton Gouvêa

sábado, 18 de junho de 2011

Há algo em mim

Não sinta-se inofensiva por chorar
Derrame seu pudor pelo caminho
Assim mesmo, liberte  seus medos
Arraste-se sob seu sangue ralo e fraco
Sinta o cheiro inebriante da dor
Perca a sanidade dos loucos
Segure-se nas guias e no corrimão
Diga que foi estupida a sí mesmo
Force a coragem de viver e o desabrochar da angústia
Siga os passos que ainda não foram inventados
Então cresça! Levante-se!
Olhe acima de dois palmos, coisa jamais feita
Grite, com os braços para o alto e com os punhos cerrados
Ecos de superação voltarão ao seu lugar, no peito
Respire o emaranhado ar que poda as flores do bom senso
Solte as hastes que sustenta seu equilibrio na terra
Não existe chão. Não há barreira. Não, é passado
Agora corra no instante de seus novos olhares
Novas paisagens. Novos horizontes
Será passado em momentos vagarosos
Num suspiro profundo serão contos e boatos
Mantenha-se firme minha amiga
Aprenda a fechar os caixões das desilusões
Fique comigo do lado de fora
Onde o travestido furacão do amor não passa
Aqui ele está nu e pousa com suavidade em nossos corações
Sorri gentilmente nos convidando a ser feliz


sexta-feira, 17 de junho de 2011

Cavaleiro Prateado


Não quero que me contemplem
Nem que me façam rei
Nem atenção fora do comum
Não quero algo a mais de ninguém

Não quero que me ignore
Nem que me faça de escravo
Nem mais do que mereço
Não quero demais de alguém

Sou na minha o tempo todo
Sem entregas “desendereçadas”
Sem indulgências desnecessárias
Sou mais meu do que seu

Sou jogos de sedução
Sem mostrar minhas artimanhas
Sem omissão no campo de batalha
Sou cavaleiro de coração

Não afogo suas mágoas no meu poço
Nem empurro as minhas no seu
Nem deixo de chorar por isso
Não permito saber o que sinto

Sou embalos da solidão
Sem acompanhar o solitário
Sem dar as mãos ao mistério
Sou enigma transcendente da paixão
             


quinta-feira, 16 de junho de 2011

Solidez



Nos apegamos a algo certo
Mesmo sabendo que está em pedaços
Garimpamos nos córregos da razão
Uma pedra de sustentação...


Longe de encontrar o ponto de encontro
Perto demais dos escombros de nossa solidez...


Semeamos nesse terreno infértil
Esperando o amanhecer
Atolados na lama do orgulho
Cegos do que pode acontecer...


Acabam-se as forças de luta
Nosso ódio está preso
Na cela da introspecção
Alimentando-se do tempo...


Pena de reconstrução
Trabalhos forçados
A liberdade se aproximará
Quando a culpa nos deixar:


Longe do encontro de nossos escombros
Perto demais do ponto de solidez...


Helton Gouvêa