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quarta-feira, 6 de julho de 2011

Fome

Se fosse no meu mundo, nem eu estaria vivo...
Os traidores cairiam, os que se elevam e humilham, sucumbiriam...
Ao rebate de suas próprias presunções... De seus saltos sob a humildade... Na direção e alcance mais alto de sua ignorância...
Vamos de mãos dadas com nossos erros... Beijamos pés de reis modernos... Sacamos da algibeira um sorriso expresso e compramos respeito... Contratamos súditos pra nos abanar e aumentar nossa arrogância... Pois o fogo da vaidade nos queima por dentro... Nos traz os olhos da falência... O punho da avareza e da maldade... Controla os amigos que são apodados de anjos... Comanda uma dinastia cega de amores... Atrofiada nos sentidos de humanidade... Aplaudindo “descoordenadamente” a sua ganância... Confundindo a bondade simplória com o mal ardiloso...
Com visão de cima pra tudo que corre de seu ódio amistoso... Safa os que lhe servem com sua impetuosidade e gentileza déspota... Dizem ‘obrigado’ transmutado em nefralgia... Soldam suas faces num fixo desprezo pela vida... Cuncubinam com a impureza de seus pensamentos... Refletem a confiança da desordem... Destruidores de lares e ilusões passageiras...
Um gélido ar que corta a espinha dorsal de nossa lembrança... Essa que espeta no coração por refazermos o caminho da traição... Recordando a auto-indulgência de seus pérfidos atos... São como o punhal que te convida proteção... Mas vem montado em suas costas...
A fome que assola nossa libido... Impulsiona o consumismo da energia motriz dos instintos de vida... Avassala o escravo da fé... E sutilmente descansa no campo da desconfiança... Com suas flores, cheias de cores e cheiros... Emanam os encantos da destruição... Enganam com suas belas formas e seus perfumes... Fascinam a contra-vontade do controle e nos põe afável a suas façanhas... Jogando com as mais perigosas das vicissitudes... Ela nos combina com nossos desejos... Brinca com nossa ambição... Permeia nosso mais intimo devaneio... Nos vicia com gostos, sabores e texturas... Toca em nossos segredos com plumas de eretismo... Nos acompanha ao auge da satisfação... E despede-se deixando na cama a impressão de que voltará a nos visitar...

Helton Gouvêa                  

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