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segunda-feira, 20 de junho de 2011

Frio... Está muito frio aqui

Frio, está muito frio aqui... Calma ai... Esperei pra estar aqui agora... Esperei pra ser alguma coisa nesse instante.. Me mantenho fixo no real... Porque sei que não existe... E sei que nao é pra sempre... Estamos aqui novamente... Somente algo em você que me faz crer que estamos aqui... Novamente... A sanidade é irreal... Jaula... Uma anfitriã coadjuvante interlaçada pelo medo... Me procura a todo momento... Vivi momentos e sentimentos... Agora é hora de ficar em paz... Fique comigo em lugar de tranquilidade... Estamos aqui.. Viva comigo... Seja eu... Me torne o Sol... Estou aqui... Eu sou você... Reaja... Reaja... Você não é de papel... Seja irrelevante... Transmita puberdade... A mensagem fará o contrário do que você disser... Ajeite-se... Passe... Decomponha... Fixe... Contorne... Nada será seu... Nunca... Revele a forma de um ser digno... Mostre-se humano pra mim... Não pode negar a impulsividade de fazer o mal... Nem a bondade de dizer ajudo... É inegável... A forma do ser e estar se faz presente... São palavras eu sei... Mas qual de nós nunca foi uma? Nunca definiu algo por sentenças desavisadas? Quem não me julgou? Jogou chamas de maldade na caixa de pandora? Cultivou no teatro da mente um momento circunspecto da verdade?... A impaciência nos torna frágeis... Sepulcros da inocência... Momentos agonizantes durante anos... Estamos aqui ainda.. Doentes... Vulneráveis... Falo comigo mesmo... Sou eu pra mim mesmo... Discuto... Obrigo... Escuto... Fica claro a escuridão dos passos para a morte... Fica vazia a sala com verdades ditas na curva da razão... É incessante o grito de aceitação e extremamente doloroso o impacto das mentiras... Que não deixam dúvidas da verdade que é mentir... O frio consome as ligações de lógica... Fome... Sinto fome... As costas ardem com o peso do sono... Impureza de sermos quem nascemos pra ser... De jogarmos dados de azar sabendo da certeza do insucesso... Estou com muito frio... Frio demais... E sono... Não quero dormir... Porque dormir é perca de tempo... Ninguem é igual a ninguem... Jamais será... Descontrole... Absolvição... “Ele é o único que me aceita”... ”Mesmo com defeitos”... Mentira! Não fale bobagens mulher... ”É a verdade”... Mas tá demais de ruim... Sensação da morte... Parece o fim... Senta do meu lado com cara de amigo... Desgraçado... Sei que é ele... Segure minha mão então... Porque não quero... Sinceramente... Porque não quero. Acho inútil... Passei a aceitar mais as pessoas do jeito que são... Você aceita?... Deve ser esse o problema... As pessoas não gostam de ser aceitas... Gostam de ser contestadas... Anuladas... Vulneráveis mais uma vez... Querem nosso desprezo... Não aceitam nossa devoção... Nossa coragem... Nossa vida. Tristeza... Não é o suficiente pra chegar onde cheguei... Isso é figurinha pra completar albúm de vida... Isso é perseverança manipulada pra ser felicidade eterna... É amar a sí mesmo mais do que se precisa... Mais que preocupação de sabedoria intuitiva... É extensão da auto-estima... Caiu no desgosto... Porque está se martirizando por uma coisa que é de agrado ao deus da vida?... Você está sofrendo por algo que a vida impôs a você... E impõe a qualquer pessoa que já respirou na vida... Isso é comum... Senso de qualquer pessoa que esteve brincando com o descaso... Acabou tudo... A dor... Solidão... Entre-linhas... Desprazer... Mentira... Inveja... Enganação... Sobreposição... Mostruário... Cabides de arrogância... Negação... Não se acaba o que não tem fim... Quem disse que a vida é o que queremos que seja?... O frio consome a lentidão e fica mais parado ainda... O fogo congelado condiz com a relevância de uma vida em vão... Sim, todos nós estamos fadados a ela... Sim, todos nós pagamos um preço alto por ela... Mas não, não temos direito algum sobre coisa alguma depois que passamos porisso... Qual razão pra descontarmos raiva que seja, em sobriedade ou na aflição... Dignos de pena... Será? Por favor, volte mais uma vez... Diga: Agora, agora... Cante em meu lugar... Em meu lugar estará perdido... Perdido... Encontrará violência... Estará frizado no borrão das atitudes circulares... Me tome de volta ao inicio...Está muito frio...Frio demais pra ser verdade...Alguem me aqueça... Me aqueça por favor... Me cubra... Estou morrendo... Está...Esss...tá...tá...friii..frii..frio...aa...qui.


Helton Gouvêa

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