Não gosto de dormir. Acho que isso é uma grande perda de tempo. Quando dou conta, já são altas horas da madrugada e tenho que acordar em poucas horas. Me desgasto todo santo dia por culpa disso. Minha vontade de viver intensamente é tão grande que acabo exaurido por ela, embriagado pela letargia constante. Durmo acordado com pensamentos de solidão. Consumo minha energia máxima, mesmo ela estando sempre por um fio. Como um furacão no espaço sideral. Onde não há ar de esperança para os ventos fortes. Acabam tornando-se nulos. Vazios em sua existência. Incompetentes em seu propósito de existir.
Os olhos inchados delatam a noite mal descansada. Ações que revogam a coragem de compartilhar algo próspero. Mensagem de invalidez constante decifrada por arrogância e estupidez. Insone aspiração de morte. Brincando no gira-gira da depressão e no balanço da angústia. Sorrio dissimuladamente, convincentemente aos meus impulsos dolosos. Martirizo o nada em mim, criando um ralo de desespero sem fim. Um som de piano desafinado bate nas teclas do baixo ao fundo, melodicamente deprimente e insanamente persistente, alguns vidros parecem se quebrar nas agudas agora. Guitarras contundentes em atrito estridente com o prolongar do zunido agudo da dor de suas cordas. Percussão extremamente seca e dura, gravemente entoando a canção do colapso emocional. Agravando e assediando minha querida cobiça do sono eterno...
Helton Gouvêa
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