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domingo, 24 de março de 2013

♪ Someone... Didn't wanna know their name... Drifting ♫ (Sr. Boo)



♪ Someone... Didn't wanna know their name... Drifting ♫

Tirou o fone, apertou a campainha. 
Senhor Boo abriu a porta e apareceu.
- Ora, bom dia Luquinha! O que deu nessa sua cabeça de maluco vir aqui essa hora da manhã?
- O que o senhor pode fazer para que a gente possa ter mais segurança no bairro? Esses dias o Paulão da Borracharia foi assaltado. 
- Entre, entre. Vamos tomar um café, ou você prefere chocolate quente?
- Quero frio.
- Tá certo... ...Vamos ver, o que você faria para tornar o bairro mais seguro Luquinha?
- Eu daria uma arma para cada morador e licença para matar os ladrões.
O velho achou graça.
- Olha, não seria nada mal essa ideia viu?! Se não fosse pelo que manteríamos em nossa sociedade. 
- O que é sociedade?
- Sociedade é um grupo de pessoas que convivem juntos e fazem o melhor possível para se manterem em um determinado lugar. Essas pessoas tem seu próprio jeito de resolver as coisas, o que pode estar ligado a cultura, a imposição de leis ou outras coisas mais. Mas leis foram criadas para cuidar do que o homem não quer melhorar. Por exemplo, sabe aquelas estradas que tem limite de velocidade? Então, nós não queremos melhorar o meio de transporte, torná-lo mais seguro, entende? Veja bem Luquinha, nós poderíamos tirar todas as placas e fazer com que nossos carros não saiam da pista. Temos essa tecnologia hoje e poderíamos desenvolvê-la bem mais, mas essa já é outra história. Também poderíamos acabar com a gasolina e usar energia solar, outra coisa que o homem não quer melhorar. 
- Oloco senhor Boo, quer dizer que o que a gente fala que é sociedade, só que na verdade não fazemos nosso melhor para nos manter aqui?  Porque o senhor disse que eles fazem o melhor para ficar em um lugar, e a gente não tá fazendo isso. Tá deixando a borracharia do Paulão ser assaltada. To falando que a gente tem que ter arma.
- A gente chega lá, calma aí que já te falo o porquê de não termos arma, pirralho.
- Sai fora! Mas beleza, continua o que tava falando.
- Como disse, a cultura também interfere na forma da gente resolver as coisas. Nós vivemos numa sociedade machista, e antes de você perguntar já explico, sociedade você já sabe o que é, agora sociedade machista é o seguinte: antes só nós, os homens, podíamos trabalhar, votar e um monte de outras coisas mais. Nós mandávamos e desmandávamos no mundo, e isso faz parte da nossa cultura no geral. Até aí conseguiu acompanhar o que tô dizendo?
- Não direito, você tá contando que a gente mandava no mundo e é por isso que todo mundo pensa que pode sair com uma arma para roubar?
- apontando para Luquinha e piscando um olho: Você tá quase lá Luquinha, quaaase lá. Com esse sentimento de que nós podemos controlar o mundo, a gente mostrou ao longo da nossa história que tomamos aquilo que queremos e quando queremos, seja pela inteligência ou pela força. 
- Ah, agora tô entendendo senhor Boo. Você tá falando que o homem que assaltou o Paulão seguiu nosso próprio exemplo, tá falando que ele foi, tipo, um cara que a sociedade machista fez. 
- Bom, podemos dizer que sim. Mas também há a questão da violência. Sabe, o governo faz com que haja violência para que eles possam ter motivo de aplicar as leis.
- Ué, você disse que eles criam leis para coisas que não querem melhorar. Então quer dizer que também não querem melhorar nossa segurança?
- Exatamente Luquinha, eles também não querem melhorar nossa segurança. 
- Mas por quê? Por quê? Como são idiotas! Nossa, a gente tá perdido assim!
- Calma, podemos resolver algumas coisas antes de estarmos completamente perdidos.
- O que você tá falando?
- Ainda podemos educar nossos filhos para que a humanidade tenha um futuro melhor, porque os verdadeiros interessados nisso somos nós. 
- Eu nem tenho filho!
- Falei no sentido figurado menino. Olha, se você puder melhorar alguma coisa no bairro a gente pode começar a mudar nossa cultura. Um olhando o outro e respeitando também, é disso que tô falando. Se você pode mudar, nós podemos melhorar. Enquanto você continuar o mesmo, já sabe que seremos os mesmos, certo?
- Beleza, já entendi que não precisamos ter armas e sim, mudar a nossa forma de pensar e agir, para que nossa cultura também mude. E isso vai ajudar todo mundo, até que o Paulão nunca mais seja assaltado. 
- Garoto esperto! Bom, hoje é domingo e tá na hora de cuidar das minhas plantas lá fora. 






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