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segunda-feira, 18 de março de 2013

A casinha do Sr. Boo


Um natal azul-acinzentado. Simplesmente a arvorezinha de natal está um caos, toda remendada com fita crepe e as bolinhas parecem mais pálidas a cada verão. As crianças não costumam mais passar aqui para tomar aquele chocolate quente que fazia, e que as faziam sorrir. Toda noite as águas caem pesadamente sobre o telhado, o clima esfria um bocado. Ah, arrumei a goteira da garagem - Cof! Cof! Cof!. É melhor eu ir pegar um agasalho e calçar meias de lã. O noticiário avisa que devemos tomar cuidado com os bandidos que estão soltos nesta época do ano. Nunca entendi porque diabos estes canalhas, e quando digo canalhas me refiro a Secretaria de Segurança, enfim, porque cargas d'água soltam esses criminosos. Droga! São todos farinha do mesmo saco!
- É-hé, é-hé! Bom, deixe-os para lá. Ainda tenho a velha espingarda que pertenceu ao papai, e antes dele ao vovô. E antes deles, ao xerife Tugou. Aquele velho ranzinza de uma figa!
Fiz aquele balanço na varanda, sento nele algumas noites menos frias para lembrar algumas de nossas conversas mais bobas. - Hehe. Mas também lembro de muitas outras coisas, é claro, é claro. A chaleira está apitando, é hora do nosso café da tarde querida. Você nunca gostou do seu café frio, e nem do pé. Oh, como os esquentava para você. Naquela viagem você me fez parar o carro no meio do nada, só para pegar suas meias no porta-malas. Que perigo! Os jovens não sabem mesmo pensar que coisas ruins podem acontecer, não é mesmo?! Acabamos descobrindo que dali dava para ver a cidade ao longe, com suas luzes parecendo estrelas numa festinha, lá embaixo. E os céus?! As luzes de lá, como mães a vigiar seus filhos. Imensa escuridão, e ao mesmo tempo aquela manifestação esplendorosa do universo, mas parecendo que só existia um brilho que me importava em toda parte - olhos marejados. 
Chega de papo furado, vou me ajeitar no quarto, pois parece que esta noite está mais fria que todas as outras. Hoje o clima foi de natal americano, um friozinho mágico com prisma futurístico num mundo antigo. Talvez consiga sonhar com nossa casinha aí do outro lado. Quem sabe não posso dormir com você esta noite.   

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