Traga o ar soltando bolinhas de sabão. Todos seus amigos estão caídos, presos ao chão, lambendo o detergente e sedentos por mais. Vendo as borboletas invisíveis carregarem alguns que estão muito mal, estão moles como mingau, parecendo plástico derretendo, igualzinho a um carrinho pegando fogo, ele é dado como louco na fila do hospital. Não prestam nenhuma atenção, nem mesmo que estão presos e lambendo os outros, por mais e mais vezes, sem parar, continuam ignorando, desejando o que o outro tem.
No parquinho ele brinca sozinho, seu balanço preferido é o vermelho. Mas logo se cansa, pensando que alguém realmente deveria compreendê-lo, ou se alguém realmente deveria compreendê-lo. Os bosques estão morrendo sem crianças para protegê-las. Alguém está matando os bosques e construindo celas em seu lugar, umas acima das outras, umas mais atraentes que outras, porém, sem direito a visitas e nem hora para brincar. Então ele se fecha na tela de duas polegadas que brilha sem parar, com um fone de dez pés na cabeça, anda até a lojinha de gibis e compra cigarros para experimentar. Acha todo mundo mal humorado e retribui jogando sacos de bosta na porta de casas, mas não sem antes apertar a campainha. Está tão só que brinca com a própria sombra. Chora tanto que as lágrimas transformam-se em correntes, arrastando no asfalto. E para se divertir pede para sua única amiga que o prenda no chão, ao lado de uma barra de sabão.
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