Abraçou-me
Uma fração gentil
Antes do fim de qualquer um
Da noção do espaço
Da razão de ser
Persistiu em dilúvios
Duas dores daquilo
Na hora do estrago
Coração pela boca
Boca e pulsação
Disfarçou retrato
Medo miserável
Salgou a rotina
Dando show pela casa
E o fogo correu na cortina
A cozinha coberta de mágoas
A cada toque vazio
Pelo mundo que me quer
Ver o desgosto no contrapasso
Tropeçando no eu e você
Esperando demais o segundo
Aquela hora de fazer
Seu minuto
Tempo de acabar
Cultuar o incerto
Onde sou completo
Você passou e sorriu
Sem mostrar os dentes
Sabendo onde vai
Deixando cheiro no sofá
Enxergou com os meus olhos
E você jamais olhou
Como te olhei
Como jamais sonhou
Deixando um espectro
Condenando-me ali
A te buscar num olhar
Num gesto e pesar
No sim que desvali
Na viagem pelas águas
Que nunca esqueci
Encontrei o pior em mim
Fiz de nós solidão
Errei a vida
A letra do que dizia
A canção das palavras
Que acreditei agir
E pequei
Não pude evitar
A flor que existia
Você nem viu
Eu não plantei
E acreditei florescer
No nosso jardim
Que inventei para mim
Vendi minha alma
Troquei por balas
Fiquei cego ao sair
Insolação
Cai por terra
E rastejei
Pensei, por que não?
Prometi a mim mesmo
A guardar tudo aqui
A jamais dizer quem sou
Prender-me em você
Na audácia vazia de ser
Eternamente responsável
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