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terça-feira, 26 de julho de 2022

Vou sobrevivendo

 Abraçou-me

Uma fração gentil

Antes do fim de qualquer um

Da noção do espaço

Da razão de ser

 

Persistiu em dilúvios

Duas dores daquilo

Na hora do estrago

Coração pela boca

Boca e pulsação

 

Disfarçou retrato

Medo miserável

Salgou a rotina

Dando show pela casa

E o fogo correu na cortina

A cozinha coberta de mágoas

 

A cada toque vazio

Pelo mundo que me quer

Ver o desgosto no contrapasso

Tropeçando no eu e você

Esperando demais o segundo

 

Aquela hora de fazer

Seu minuto

Tempo de acabar

Cultuar o incerto

Onde sou completo

 

Você passou e sorriu

Sem mostrar os dentes

Sabendo onde vai

Deixando cheiro no sofá

Enxergou com os meus olhos

 

E você jamais olhou

Como te olhei

Como jamais sonhou

Deixando um espectro

Condenando-me ali

 

A te buscar num olhar

Num gesto e pesar

No sim que desvali

Na viagem pelas águas

Que nunca esqueci

 

Encontrei o pior em mim

Fiz de nós solidão

Errei a vida

A letra do que dizia

A canção das palavras

Que acreditei agir

E pequei

Não pude evitar

 

A flor que existia

Você nem viu

Eu não plantei

E acreditei florescer

No nosso jardim

Que inventei para mim

 

Vendi minha alma

Troquei por balas

 

Fiquei cego ao sair

Insolação

Cai por terra

E rastejei

Pensei, por que não?

 

Prometi a mim mesmo

A guardar tudo aqui

A jamais dizer quem sou

 

Prender-me em você

Na audácia vazia de ser

Eternamente responsável

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