Eles me chamam, na medida que percebo quanto os quero. Pessoas conversam num entendimento só delas. Homens, mulheres, e crianças de todas as idades e nenhuma certeza. A água calmante corre, o rio faz o fundo parecer seu universo. A luz encantada do Sol toca as pequenas folhas marrom-douradas, caídas por todo lado. O espaço entre os gestos torna-se perceptível à eternidade. Pássaros cantam entusiasmados, compondo os passos daquele homem sem rosto que caminha para seu destino.
Eles são profundos, escuros e admiravelmente sedutores. Um deles leu minha carta. Mas porque agora?! Já estou crescido e não preciso mais de provas. Um deles desiste do chamado. Mas porque vai embora? Já está cansado e não precisa mais de mim. Vejo nos opostos um brilho, um trilho e escorrego. O vento mudo que mexe a paisagem a minha volta não me conforta, abre uma porta e me arrasta para o buraco úmido e triste. Mãos me cercam, pegam e sufocam no ar vermelho da morte. O sono me prega pelos calcanhares e movimenta minha alma pelo céu violento sobre o mar de sangue. Meus olhos estão secos e são o espelho da angústia experimentada pelo amor. Ossos quebram em minha cabeça sem parar. O gosto da bílis na boca é a única fonte para saciar minha sede. O chão move abaixo de meus pés, seguem não sabendo. A loucura de cores vivas rabiscando o céu, e a cacofonia de lamurias incólumes estão soltas pelo ar. O cansaço de correr para sempre em círculos faz do meu ponto uma queda de costas num espiral infinito.
Ouço risos infantis abafados de brincadeiras com batidas de corpos n'água. Estranheza correndo em minhas veias, batida disforme no peito, saltos lépidos em direção ao desconhecido. Ah, sim! Eu consigo voar! Eu consigo. A chuva começa a cair... Não quero dormir, não quero...