Não
se preocupe se seu cabelo desarrumou, sua unha lascou, o espelho não refletiu,
seu batom borrou, seu celular descarregou. Não se preocupe se o uber não te
buscou, se o salto quebrou, a bolsa furou, seu vestido apertou e o dia não
abriu. Não se preocupe se o boy te largou, levantou a voz, te magoou profundamente, estraçalhou o romance que vivia em sua cabeça. Não se preocupe se seu filho não
ligou, não contou para os amigos o quão incrível você é, não postou tbt sentindo sua falta, ignorou sua existência e foi reluzente para a casa do pai.
Não
se preocupe se o vazio aumentou nas noites e mais noites com caras diferentes
que você embarcou, o prazer da carne saturou, se você foi um objeto, se o
orgasmo congelou. Não se preocupe se a saudade apertou, o coração descompassou,
o desejo não mentiu, se sua dor passou, se quer voltar a sorrir. Não se
preocupe com o roteiro do orgulho, se o cancelamento expirou, a faísca tocou
boas lembranças, a memória do coração inflamou, se as cenas pós créditos te
alegrou, se outras temporadas estão por vir.
Não
se preocupe se o giro insano da vida te renovou, se você levantou e reagiu. Não
se preocupe com o cabelo, unha, imagem; se o mundo virtual não curtiu. Não se
preocupe em viver o que a razão alertou, a emoção reprimiu, se seu pé recuou,
se você tomou distância para saltar descalça. Não se preocupe se você
desabrochou, se a terra anda macia, as flores mais coloridas, se o cheiro das
coisas toca uma canção. Não se preocupe com o que passou ou o que virá, se vai
ou não deixar estar. Se o que importa acontece sem preocupação.